Sofrimento nunca foi espiritualidade

Sofrimento nunca foi espiritualidade

Autor Rodolfo Fonseca

Assunto Autoconhecimento
Atualizado em 23/07/2025 14:03:52


Desde cedo, muitas religiões ensinaram que sofrer é nobre. Que suportar a dor em silêncio te torna mais próximo de Deus. Que carregar a cruz significa aceitar abuso, escassez, humilhação e silenciamento.

Mas essa nunca foi a proposta da espiritualidade. Essa é uma construção social, teológica e estratégica feita para manter você obedecendo, mesmo quando tudo dentro de você grita por justiça.

Durante séculos, usaram a imagem de Jesus crucificado como um modelo de submissão. Te fizeram acreditar que quanto mais você sofre, mais você se parece com Cristo. Que calar diante da dor é virtude, e resistir é falta de fé.

Essa leitura é distorcida. A cruz de Jesus não foi um chamado à passividade, mas uma denúncia. Ele foi assassinado porque desafiou as estruturas que lucravam com a dor alheia. Transformaram seu confronto em manual de obediência, e seu martírio em ferramenta de controle.

Quantas mulheres foram ensinadas a suportar maridos abusivos "em nome da fé"? Quantos pobres ouviram que sua miséria é "prova de humildade"? Quantas crianças foram silenciadas por líderes abusivos, porque "Deus colocou essa autoridade sobre elas"?

A romantização do sofrimento não é espiritualidade. É estratégia. Quanto mais você acredita que sua dor é santa, menos questiona, menos se rebela, menos se liberta. E quem se beneficia disso? Não é Deus. É o sistema.

O sistema que te diz que sua escassez é humildade, enquanto acumula riqueza. Que sua submissão é obediência, enquanto reforça hierarquias que não são divinas, são humanas.

E assim você segue, pedindo força para suportar o que nunca deveria carregar, pedindo fé para aguentar o que, na verdade, deveria abandonar.

Existe uma diferença entre resiliência e resignação. Resiliência é atravessar a dor com consciência. Resignação é aceitar a dor como destino.

A cruz que te anula não é sua. A cruz que te silencia não é espiritual. A fé que exige seu autoabandono não é libertadora.

Fé real não pede que você se destrua. Ela te convida a viver. A se curar. A se levantar. A dizer não ao que te violenta. Porque espiritualidade de verdade não romantiza o sofrimento - ela enfrenta, transforma e liberta.

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