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Porangaba? Boa Pergunta

por Conceição Trucom em Corpo e Mente
Atualizado em 07/05/2002 11:24:27


Boa pergunta. Se você quer arriscar, saiba que a planta ainda carece de muita pesquisa para provar que afina a cintura. Em tupi, porangaba quer dizer beleza. Mas, se você já ouviu falar de chá-de-bugre, saiba: é a mesmíssima coisa. O que pode soar como novidade - a porangaba - freqüenta há muito tempo as farmácias especializadas com o segundo nome estampado no rótulo.

Existe entre os estudiosos quem, sem se importar com a confusão de apelidos da espécie, defenda seu uso em prol da silhueta. No entanto, o olhar da ciência ainda é desconfiado: "Não há pesquisas que comprovem a redução do tecido gorduroso", diz o bioquímico Luís Carlos Marques, presidente do Instituto Brasileiro de Plantas Medicinais. Uma coisa é garantida: os consumidores fazem mais xixi.
"Os principais constituintes da porangaba são a cafeína, os óleos essenciais, os taninos e as substâncias cardioativas", afirma Fernando Batista da Costa, doutor em Ciências Farmacêuticas na USP de Ribeirão Preto, interior do Estado. Ele garante que nunca soube da relação desses componentes com o emagrecimento.
Mas a farmacêutica Valéria Lemke, da Arthemysa Ervas e Companhia, empresa gaúcha que comercializa a espécie, rebate: "Ela favorece a eliminação de líquidos, por isso é indicada quando se quer perder peso".

Outra vez os nomes podem pregar peças. Enquanto porangaba é sinônimo de chá-de-bugre, emagrecer não é o mesmo que eliminar líquido - embora, sim, as duas coisas possam fazer diferença na balança. A água pesa - e não pesa pouco. Jogada fora pela urina, pode deixar gente gorducha feliz da vida acreditando nos quilos a menos indicados pelos ponteiros. Ilusão temporária. Bastará matar a sede e... "O obeso tem mesmo é que perder gordura!", dispara o endocrinologista José Antônio Marcondes, do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo.

Gordo e desinchado: Quem usa a porangaba faz mais xixi do que de costume porque a planta contém alantoína. Sua ação não está isenta de perigo. "Só se deve usar um diurético com indicação clínica", justifica a endocrinologista Célia Nogueira, da Unesp. "Afinal, junto com a urina podem ir embora sais minerais essenciais para o organismo."

Existem, porém, pesquisadores que, para a perda de peso prometida, dão explicações que vão além desse efeito diurético. Para o fitologista Lellington Lobo Franco, do Laboratório Lobo Franco, em Criciúma/SC, "a espécie contém substâncias que agem no organismo, promovendo a degradação das gorduras localizadas".

Indagações médicas: Já o farmacêutico Fernando de Oliveira, da Universidade São Francisco, em Bragança Paulista, participou de um trabalho sobre a planta e aposta que ela, uma vez ingerida, aumenta o volume do conteúdo presente no estômago, gerando a sensação de saciedade.

O endocrinologista César Boguszewski, da Universidade Federal do Paraná, observa que nos potes de certas marcas de produto à base de porangaba há a recomendação de diminuir o consumo de massas, frituras e doces. "Será que é a planta a responsável pelo emagrecimento ou a redução nos excessos alimentares?", questiona, sem esconder a ironia.
E, barrigudos, atenção: se algo puder fazê-los emagrecer, seu corpo sentirá a diferença de centímetros por inteiro e não apenas na cintura.

A planta pode mexer com a circulação: Embora tenha se popularizado prometendo diminuir o manequim de seus consumidores, a planta chamou a atenção dos cientistas por outro motivo: a suspeita de agir contra o vírus do herpes. "Em termos de literatura idônea, existe apenas esse estudo, que é japonês", conta Luís Carlos Marques. Químicos da Universidade Tohoku, em Toyama, no Japão, notaram a inibição do causador da doença em cobaias contaminadas que receberam porangaba. Mas é só. Ninguém tocou no assunto novamente.
Especula-se também que a planta atue na circulação. "Se for assim, é bom mesmo ter cautela", opina Ana Maria Dantas, farmacêutica da Universidade Federal de MG, lembrando que não se mexe com os mecanismos de controle da circulação impunemente, se não existe necessidade.

O endocrinologista Antônio Carneiro, do Hospital Samaritano, no RJ, enfatiza: "São necessários estudos sérios, com um número satisfatório de pessoas, para atestar os famosos poderes da porangaba".

Por isso, perdoe o conselho batido: um bom papo com o médico é sempre a melhor atitude, antes de engolir qualquer cápsula em voga. Ainda mais nessas circunstâncias.

Por Regina Pereira
Fonte: Revista Saúde e Boletim Eletrônico Nutrinforma nº 17 - Abril 2001


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trucom
Conceição Trucom é química, cientista e escritora sobre Alimentação Baseada em Plantas, considerada como Alimentação do Futuro: vitalizante e regenerativa.
Portal: www.docelimao.com.br
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