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Expectativas

por Elisabeth Cavalcante em Espiritualidade
Atualizado em 10/12/2009 14:10:26


Sempre que um novo ano se inicia, a maioria de nós se sente ansioso com relação ao futuro, sobre o que o novo ano nos reservará. Pensamos em todas as coisas que conquistamos e naquelas que ainda não conseguimos realizar e nos focamos de modo especial em nossos desejos.
Mas, na medida em que o tempo corre e não conseguimos materializar tudo o que ansiamos, somos confrontados com um sentimento profundo de frustração.

Por mais que nos esforcemos, muitas situações independem unicamente de nossa vontade; por essa razão, precisamos aprender a desenvolver uma lição essencial, que é a aceitação.

Este é talvez um dos maiores desafios que precisamos enfrentar durante a nossa existência: aprender a lidar com o desapontamento quando não alcançamos a realização do que desejamos.

Aceitar não significa necessariamente desistir daquilo que queríamos, mas encarar os fatos da maneira como eles se apresentam. Por mais que possamos insistir na conquista de algo, quando as condições ideais não se encontram reunidas, nada poderá fazer com que aquilo se concretize.

Neste sentido, o I-Ching deu uma contribuição essencial para a humanidade, pois ele trouxe à luz um ensinamento tão simples, mas que a maioria de nós tem dificuldades em compreender, ou seja, para ser feliz é preciso que o homem aprenda a atuar em sintonia com as leis da natureza.

Tudo que acontece segue leis muito claras e, se conseguirmos nos manter atentos a este fato, certamente iremos compreender com mais exatidão as razões pelas quais determinadas situações não ocorrem e muitas se repetem em nossa vida.
As expectativas que criamos são, em geral, direcionadas por objetivos motivados pelo ego e, por isso mesmo, ainda que sejam satisfeitas, logo serão substituídas por outras, num ciclo que nunca tem fim.

Aprender a discernir entre o que desejamos e aquilo que, de fato, poderá nos proporcionar paz e serenidade, é a única maneira de nos precavermos contra expectativas que não preencherão nossas reais necessidades.

O desejar é o problema
Você tem falado sobre muitos métodos e muitas técnicas. O desejo de ter sucesso neles é muito grande. Como podemos suplantar nossa grande impaciência?
Duas coisas a serem lembradas. Primeira: a espiritualidade não pode vir do desejo, porque o desejo é a raiz causal de toda a nossa ansiedade e angústia. E você não pode dirigir seus desejos para o reino espiritual. Mas isso acontece, é natural, porque conhecemos somente um movimento - que é o desejo. Nós desejamos as coisas do mundo. Alguém deseja riqueza, alguém deseja fama, alguém deseja prestígio e poder, ou outra coisa qualquer. Desejamos coisas do mundo e, através desse desejar, ficamos frustrados.

... Você pode alcançar a riqueza, mas a esperança que estava dependurada ali - o sonho de felicidade, de bem-aventurança, de uma vida extasiada - isso não é preenchido. Se a riqueza é alcançada, então também, você se sentirá frustrado, porque a promessa não é preenchida, o sonho não é preenchido. Tudo está ali. Os meios estão ali, e o fim escapou. O fim é sempre ilusório.

... E o desejar é o problema, não o que você deseja - este não é o problema. O que você deseja não é o problema - você desejar é o problema. Agora você está novamente desejando e você ficará frustrado do mesmo jeito. Se você alcançar, ficará frustrado. Se você não alcançar, ficará frustrado. O mesmo acontecerá a você, porque você não foi capaz de ver o pormenor, você perdeu o pormenor.

... E, quando você deseja, a impaciência fatalmente está presente, porque a mente não quer esperar, a mente não quer adiar. Ela é impaciente. A impaciência é a sombra do desejo. Quanto mais intenso o desejo, mais impaciência existirá. E a impaciência criará perturbação. Assim, como você alcançará a meditação? O desejo criará movimento na mente e, então, o ato de desejar criará impaciência, e a impaciência o levará a mais perturbações.

... Assim, acontece - e eu observo isso diariamente - que uma pessoa que esteve vivendo uma vida muito mundana, não era comumente tão perturbada. Quando essa pessoa começa a meditar, ou a buscar a dimensão religiosa, ela se torna mais perturbada, mais do que nunca. A razão é que agora ela tem um desejo ainda mais intenso, portanto mais impaciência. E, com as coisas mundanas, as coisas eram tão reais e objetivas, que ela podia esperar por elas - elas estavam sempre a seu alcance. Agora, no reino espiritual, as coisas são tão evasivas, tão distantes... - elas nunca parecem estar ao alcance. A vida parece ser muito curta e, agora, o objeto de desejo parece ser infinito - há mais impaciência e, então, mais perturbação. E com uma mente perturbada como você pode meditar?

Assim, isso vira um enigma. Tente compreender isso. Se você está realmente frustrado e chegou a sentir que tudo o que está fora é fútil - dinheiro ou sexo ou poder ou prestígio, tudo fútil - se você chegou a esta percepção, então, uma profunda percepção também é necessária. Se essas coisas são fúteis, então, o ato de desejar é até mais fútil: você deseja e deseja e nada acontece - e seu ato de desejar cria a miséria.

Olhe para o fato de que o ato de desejar cria miséria. Se você não deseja, não há miséria. Assim, abandone o ato de desejar. E não crie um novo desejo: simplesmente abandone o ato de desejar. Não crie um desejo espiritual. Não diga: "Agora eu estou indo em busca de Deus. Agora eu estou indo descobrir isto e aquilo. Agora, eu vou perceber a verdade.". Não crie um novo desejo. Se você criar, isso mostra que você não compreendeu sua miséria.

Olhe para a miséria que o desejo cria. Sinta que o desejo é miséria e abandone-o. Nenhum esforço é necessário para abandoná-lo. Lembre-se: se você fizer um esforço, você criará um outro desejo. Eis por que você precisa de algum outro desejo, porque, então, você pode deixá-lo. Se algum outro desejo existir, você pode se dependurar nele. Você pode agarrar-se ao novo desejo e pode deixar o antigo. Deixar o antigo é fácil se você tem algo novo a conseguir, mas, então, você está perdendo todo o pormenor. Simplesmente deixe o desejo, porque ele é miséria; e não crie um novo desejo.
Osho, The Book of the Secrets.




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elisa
Elisabeth Cavalcante é Taróloga, Astróloga, Consultora de I Ching e Terapeuta Floral.
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