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Experiência

por Elisabeth Cavalcante em Espiritualidade
Atualizado em 20/12/2007 15:15:48


Acumulamos ao longo da vida uma grande quantidade de informações que, uma vez reunidas, formam aquilo que denominamos conhecimento.
O conhecimento é adquirido através dos professores, dos livros e de toda a herança cultural acumulada ao longo da história.

Mas, curiosamente, nos momentos mais cruciais da vida, naqueles em que nos sentimos profundamente perdidos, sem conseguir encontrar uma saída para nossos medos e bloqueios, todo este conhecimento acumulado se torna inútil.

Os consultórios dos terapeutas estão sempre cheios de pessoas que, em sua maioria, acumularam uma grande quantidade de conhecimento, diplomas, títulos. Isto demonstra que para os conflitos do mundo interior, o conhecimento exterior serve para quase nada. A menos que você seja um observador permanente de sua própria subjetividade, pode nunca ter percebido isto.

Então, podemos indagar, onde obter o conhecimento que nos permite encontrar saídas para as situações de grande impasse na vida? Só existe uma resposta para esta pergunta: em nossa própria experiência.

Isto significa que somente quando experimentamos na prática um ensinamento ou uma teoria, é que podemos saber se aquilo é ou não válido para a nossa vida. E, uma vez que o tenhamos experimentado, o aprendizado que resultar deste evento, se tornará inesquecível para nós, e será um guia confiável para qualquer outra situação.

A experiência é a fonte da inteligência interior, aquela que não se origina da assimilação de tratados ou escrituras, e sim de uma entrega profunda e confiante aos misteriosos desígnios da vida. Mas somente aqueles que estiverem dispostos a aprender através desse caminho, poderão dispor do inesgotável manancial interior que se chama sabedoria.

“Um místico Sufi, Hasan, estava morrendo. Quando ele estava morrendo, um homem perguntou a ele: "Hasan, você nunca nos disse quem foi o seu Mestre. Nós lhe perguntamos várias vezes, você sempre, de alguma forma, deu um jeito de não responder. Agora você está deixando o mundo. Por favor, diga-nos quem foi o seu Mestre. Nós estamos muito curiosos".

Hasan disse: "Eu nunca respondi essa pergunta pela simples razão de que não houve um único mestre em minha vida, eu aprendi a partir de muitas pessoas. Meu primeiro professor foi uma criancinha".

Eles ficaram perplexos e disseram: "Uma criancinha! O que você está dizendo? Você perdeu o juízo porque você está morrendo? Você enlouqueceu"?
Ele disse: "Não, escutem a estória. Eu fui a uma cidade. Embora eu não tivesse conhecido a verdade até àquela época, eu era muito culto, era um erudito. Eu era famoso no país inteiro, até mesmo fora do país o meu nome estava se espalhando.

As pessoas começaram a vir a mim achando que eu conhecia a verdade. Eu estava fingindo que a conhecia e estava fingindo sem saber que estava fingindo - eu estava quase inconsciente. Porque as pessoas acreditavam que eu conhecia, elas me convenciam de que eu devia estar certo, eu devia estar sabendo, senão por que tantas pessoas viriam a mim? Eu havia me tornado um professor. Sem experienciar qualquer coisa da verdade, sem mesmo entrar no meu próprio mundo interior, eu estava falando a respeito de grandes coisas. Eu conhecia todas as escrituras; elas estavam na ponta da minha língua.

"Mas durante três dias eu estava me movendo em um país onde ninguém me conhecia, e estava desejando ardentemente encontrar alguém que me perguntasse algo, para que eu pudesse mostrar o meu conhecimento".

As pessoas de conhecimento se tornam muito exibicionistas; esse é todo o seu prazer. Se uma pessoa de conhecimento tivesse que permanecer em silêncio ela preferiria cometer suicídio. Se não, qual é o sentido de viver no mundo? Ele tem que exibir o seu conhecimento.

Somente um homem sábio consegue ser silencioso. Para o sábio, falar é quase um fardo, ele fala porque ele tem que falar. A pessoa de conhecimento fala porque ela não consegue permanecer silenciosa. Existe uma vasta diferença; você pode não ser capaz de percebê-la de fora porque ambos falam. Buda fala, Jesus fala e Hasan também estava falando. E todos eles dizem coisas bonitas...

Mas durante três dias ele teve que permanecer silencioso. Foi quase como jejuar, ele estava se sentindo faminto - faminto por uma audiência, faminto por alguém. Mas ele não havia se deparado com alguém que o conhecesse então ninguém perguntou coisa alguma.
Ele entrou nessa cidade. Estava justamente começando a escurecer, o sol havia se posto há pouco. Uma criancinha estava carregando uma lamparina e ele perguntou à criança: "Meu filho, posso lhe fazer uma pergunta? Para onde você está levando essa lamparina"?

E a criança disse: "Eu estou indo ao templo. Minha mãe me disse para colocar essa lâmpada lá porque o templo é escuro. E esse tem sido o hábito de minha mãe: sempre colocar uma lâmpada lá à noite para que, pelo menos, o deus do templo não tenha que viver na escuridão."

Hasan perguntou à criança: "Você parece ser muito inteligente. Você pode me dizer uma coisa - você mesmo acendeu essa lâmpada"?
A criança disse: "Sim".

Então Hasan disse: "Uma terceira pergunta, a última pergunta que eu quero lhe fazer: se você mesmo acendeu a lâmpada, você pode me dizer de onde veio a chama? Você deve tê-la visto vindo de algum lugar".

A criança riu e disse: "Eu farei uma coisa - simplesmente observe"! E ele soprou a chama e disse: "A chama se foi exatamente na sua frente. Você pode me dizer para onde ela foi? Você deve ter visto"!

E Hasan ficou completamente mudo. Ele não conseguiu responder. A criança havia mostrado a ele que a sua pergunta, embora parecesse muito relevante, significativa, era absurda. Ele se curvou diante da criança e tocou os seus pés. Ele disse ao indagador: "Aquela criança foi o meu primeiro mestre.
Naquele exato momento eu me dei conta de que todas as minhas metafísicas, toda a minha filosofia, eram sem sentido. Eu não sabia de nada por mim mesmo. Eu não sabia nem mesmo de onde vem a luz de uma lâmpada, para aonde ela vai quando é apagada - e eu estava falando sobre quem fez o mundo, como ele fez o mundo, quando ele fez o mundo!

Por causa daquele momento eu tenho sempre me lembrado da criança. Ela pode ter se esquecido de mim, pode até mesmo não me reconhecer, mas eu não posso me esquecer daquele incidente.

"E desde então milhares de pessoas têm me ensinado. Eu tenho evitado a pergunta várias vezes, porque não existe uma única pessoa a quem eu possa chamar meu mestre. Muitos têm sido meus mestres, eu aprendi a partir de muitas fontes e de cada fonte eu aprendi uma coisa: que a menos que você saiba a partir de sua própria experiência, todo conhecimento é fútil.

"Depois eu abandonei todo o meu aprendizado, todo o meu conhecimento, queimei todas as minhas escrituras. Eu abandonei a idéia de ser um erudito, me esqueci de toda a minha fama. Eu comecei a andar como um mendigo, absolutamente desconhecido para qualquer pessoa. E aos poucos, me aprofundando em meditação, descobri a minha própria inteligência".

Mesmo se a sociedade destruir a sua inteligência, ela não poderá destruí-la totalmente, ela somente a cobre com muitas camadas de informação.
E é essa toda a função da meditação. Levá-lo mais profundamente para dentro de você mesmo. É um método de cavar no seu próprio ser até o ponto onde você chega às águas vivas de sua própria inteligência"...
OSHO, do livro Tao, o portal dourado.



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elisa
Elisabeth Cavalcante é Taróloga, Astróloga, Consultora de I Ching e Terapeuta Floral.
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