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O Caminho - Parte 3

por Elisabeth Cavalcante em Espiritualidade
Atualizado em 02/06/2006 11:26:01


Nesta semana vamos conhecer o que Osho nos diz sobre o terceiro vale que o buscador precisa atravessar no caminho para a unidade.
“O terceiro vale é chamado de vale das pedras de tropeço.

Uma vez que a consciência tenha surgido, agora você estará apto para ver quantas pedras de tropeço existem. Você terá olhos para ver quantos obstáculos existem. Há paredes sobre paredes. Há portas também, mas são poucas e longe umas das outras. Você estará apto para ver todas as pedras de tropeço.

Al-Ghazzali diz que elas são quatro: em primeiro lugar, o mundo sedutor - o mundo das coisas. Elas são muito fascinantes. A ambição é criada. Por que todas as religiões vem dizendo que é necessário ir além das tentações mundanas? Porque se você está tentado pelas coisas do mundo e você deseja demais coisas mundanas, você não terá energia suficiente para desejar Deus. Seu desejo será perdido em coisas.

Um homem que deseja uma grande casa, uma grande conta bancária, grande poder no mundo e prestígio, põe todo seu desejo, suas energias, no mundo. Nada é deixado para buscar Deus.

As coisas, em si próprias, não são más. Os sufis não são contra as coisas, lembre-se. Os sufis dizem que as coisas são boas em si próprias, mas quem começou a buscar Deus e a verdade definitiva não pode ter recursos para elas. Você tem uma determinada qualidade e certa quantidade de energia. Toda a energia precisa ser dirigida para um desejo. Todos os desejos têm que se tornar um, só assim se pode chegar a Deus, só assim você pode superar este terceiro vale.

Comumente, nós temos muitos desejos. A pessoa religiosa é aquela que tem um único desejo, em que todos os outros desejos deságuam num único desejo imenso - como pequenos rios que deságuam formando o Ganges. - desse jeito. Uma pessoa religiosa é aquela em que todos os outros desejos se tornaram um: ela deseja apenas Deus, ela deseja apenas transcendência.
Assim, a primeira é o mundo das tentações; a segunda é gente - a fixação, a atração por pessoas.

De novo, lembre-se, os sufis não são contra pessoas, mas dizem que não se pode ficar ligado às pessoas. De outro modo, a própria fixação se transforma num obstáculo, uma pedra no caminho de Deus. Esteja com a sua mulher, com o seu homem, com os seus filhos, com os seus amigos, mas lembre-se que somos todos estranhos aqui e que a nossa proximidade é acidental. Nós somos viajantes e nos encontramos na estrada. Por alguns dias talvez fiquemos juntos - agradeça a isso - mas, cedo ou tarde os caminhos se separam. Sua esposa morre, ela vai no seu próprio caminho e você não sabe aonde. Ou, sua esposa se apaixona por outra pessoa e seus caminhos se separam. Ou você se apaixona por outra pessoa. Ou seu filho cresce e toma a direção da própria vida e se afasta de você - todo filho precisa se mover para longe dos pais.
Nós estamos juntos nesta estrada apenas por uns poucos dias e o nosso estar juntos é acidental. Não há nada eterno. Esteja com as pessoas, seja afetuoso, tenha compaixão com as pessoas, mas não se torne apegado - de outro modo, o apego não lhe permitirá liberdade suficiente para ir além.
Então, o segundo é pessoas, ligações. O terceiro Al-Ghazzali chama de satan e o quarto, de ego.

Por satan fica entendido que é a mente - a mente que você acumulou no passado. Embora a consciência tenha surgido, embora você tenha se tornado mais consciente do que nunca, o mecanismo da mente ainda existe, à espreita. Ela ainda ficará à espreita por algum tempo. Esteve com você tanto tempo que não pode deixá-lo repentinamente. Leva tempo. E a mente espera e vigia - se alguma oportunidade surgir, ela imediatamente saltará e tomará posse de você. Ela tem sido o seu mestre, você tem atuado como um escravo. A mente não pode aceitar que você tenha se tornado um mestre tão de repente. Leva tempo.
A mente é um mecanismo, existe sempre. Para o buscador, a mente é o demônio. Todas as histórias sobre o demônio não são nada mais que histórias sobre a mente. O demônio - ou satan, como os sufis chamam o demônio - é apenas um nome mitológico para a mente.

Quando o demônio tenta Jesus, você pensa que algum demônio está lá, em algum lugar? Não seja tolo! Não há nenhum demônio do lado de fora. A tentação estava vindo da própria mente de Jesus. A mente diz: "Agora que você se tornou tão miraculosamente poderoso, porque se preocupar com as outras coisas? Porque não ter o reino do mundo todo? Você pode tê-lo! Está dentro dos seus escopos. Você pode possuir o mundo todo, você tem muito poder. Você está muito alto espiritualmente. Seus siddhis estão quitados. Você pode ter todo o dinheiro e todo o prestígio que quiser. Porque se preocupar com Deus e religião? Use esta oportunidade. A mente está tentando.

E quando Jesus diz: "Não venha em minha direção! Vá embora!", ele não está falando para algum demônio externo. Ele está simplesmente dizendo à mente: "por favor, não se aproxime do meu caminho. Eu não estou mais preocupado com os seus desejos, eu não estou preocupado com os seus projetos, eu estou em uma jornada totalmente diferente. Você não sabe nada a respeito dela, fique quieta!".

E o quarto é o ego - uma das maiores pedras de tropeço no caminho dos buscadores. Quando você se torna um pouco consciente, quando a sua consciência surge, e você começa a ver as pedras de tropeço, um grande ego - não se sabe de onde - de repente, toma posse de você: "eu me tornei um santo, um homem muito sábio! Eu não sou mais comum, eu sou extraordinário!". E o problema é que você é extraordinário! É verdade! O ego pode prová-lo. Este é o grande problema, porque o ego não está falando coisas sem sentido. Ele é sensível. É exatamente assim!
Entretanto, é necessário estar alerta, porque se você se atrapalha com o ego, com a idéia de que "Eu sou extraordinário!", então você ficará sempre no terceiro vale. Você nunca será capaz de chegar ao quarto, e o quarto trará mais flores e mais picos, picos mais altos e grandes alegrias - e você perderá.
Este é o lugar onde siddhis - forças espirituais - tornam-se a coisa mais obstaculizante.

A parte negativa é começar a lutar com essas pedras de tropeço. Se começar a lutar, você ficará perdido no vale. Não há necessidade de lutar. Não crie inimizade. Compreender, apenas, é suficiente.

Lutar significa repressão. Você pode reprimir o ego, você pode reprimir a sua ligação com as pessoas, você pode reprimir a sua ambição por coisas, você pode reprimir o seu satan, mas aquilo que for reprimido permanecerá, e você não será capaz de entrar no quarto vale.Apenas aqueles que não têm repressões entrarão no quarto vale. Então, não comece reprimindo.
A parte positiva é: tome o desafio - que o ego está desafiando você. Não tome isso como uma inimizade, em vez disso, tome-o como um desafio para ir além. Não lute com ele; compreenda-o. Olhe profundamente dentro dele. Olhe para o mecanismo: como ele funciona, como este novo ego está surgindo em você, como a mente continua a jogar com você, como você se torna ligado às pessoas, como você se torna ligado às coisas. Olhe como ele é com fria observação, sem antagonismos. Se você se tornar antagônico, você foi pego. Se você se tornar indulgente, você foi pego. E estas são as duas coisas mais fáceis. As pessoas conhecem apenas duas coisas: ou sabem como se tornaram amigas, ou como se tornaram inimigas. Esta é a única compreensão comum possível.

A terceira coisa ajudará. Seja vigilante, uma testemunha; nem amigo, nem inimigo. Seja indiferente. Apenas perceba que eles existem, porque se tomar qualquer atitude sentimental - contra ou a favor - os sentimentos se transformarão em cadeias. Sentimento quer dizer que você se atou. Lembre-se, você está tão atado aos seus inimigos quanto aos seus amigos. Se seu inimigo morre, você sentirá tanta saudade quanto você sentiria do seu amigo - às vezes até mais, porque ele estava dando algum sentido à sua vida. Lutando com ele você estava curtindo uma viagem. Agora ele não mais existe. O ego que estava sendo preenchido pela luta nunca mais será preenchido novamente. Você terá que encontrar um novo inimigo.
Então, não faça inimigos e não faça amigos. Apenas veja. Seja muito científico no observar. Esta é a coisa positiva a fazer. Explore o que é o ego, e explore alegremente”.
OSHO - The people of the Path.



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elisa
Elisabeth Cavalcante é Taróloga, Astróloga, Consultora de I Ching e Terapeuta Floral.
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