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Para Você saber que realmente Somos Todos Um

por Angela Li Volsi em Espiritualidade
Atualizado em 14/05/2004 11:58:47


Um livro autobiográfico que será escrito capitulo por capitulo no site.

Conheci a Angela faz alguns anos em meu consultório. A história da luta desta mulher sempre me emocionou muito e um dia disse a ela:
- Por que você não escreve a história do seu caminho de vida e publicamos no site capítulo por capítulo e, no final, você edita em forma de um livro?
Pedi a ela que contasse sua experiência como passageira da nave da existência, descrevendo cada uma de suas buscas no caminho da espiritualidade e da medicina alternativa, com a intenção de buscar a cura para seu mal físico.
Na verdade, ela entendeu que sua doença havia nascido no fundo de sua alma, na sua dor emocional, nas suas profundas e doloridas experiências consigo própria, com o outro e com o mundo.
Recomendo vivamente que acompanhe todas as semanas este verdadeiro depoimento que levará você a se identificar com alguém que, como você, busca a paz, a saúde e a verdade.
Amorosamente,
Izabel Telles


Agora que voltei para casa - Capítulo 1

Agora que voltei para casa, que meu cachorro interno, aquele que tem faro, que é um farol, aquele que não trai, me conduziu aonde eu deveria sempre ter ficado, a minha casa interna, posso olhar com gratidão e ternura todo o caminho percorrido até aqui. É um caminho muito longo e tortuoso, agora posso ver com clareza todos os “desvios” que me impediram de chegar mais depressa e sem tantas feridas. Fazendo um retrospecto, pesados os prós e os contras, talvez eu tenha de agradecer a esses “desvios” por ter conseguido chegar até aqui.

Com o intuito de dar um testemunho das lições que aprendi, vou tentar reconstituir esse caminho focalizando as linhas tortas pelas quais Deus escreveu certo.
Uma característica minha que reconheço, e que pautou minha vida inteira, é a sensação de estar sempre esperando a aprovação dos outros, como se estivesse sendo avaliada o tempo todo. Estou desconfiada de que tudo começou quando, na Itália do pós-guerra, onde nasci, fui submetida a alguns exercícios difíceis demais para uma menina de seis anos.

O primeiro foi quando nasceu minha irmã, e minha jovem mãe, sobrecarregada pela difícil tarefa de sobreviver com três filhos e um marido imaturo, em tempos de muita penúria, me confiou a tarefa de cuidar da irmãzinha.
Ao mesmo tempo, uma moça de família abastada, nossa vizinha, se encantou com a minha precoce e insaciável sede de aprender, e resolveu cuidar de minha escolarização por conta própria. Preparou-me para entrar na escola primária, onde pulei a primeira série, indo diretamente para a segunda. Tive de me submeter a um pequeno exame, e tenho a impressão de que isso me marcou pela vida toda, como se tivesse sempre de me preparar para uma tarefa além da minha capacidade.
Levei muitos sustos por conta da responsabilidade de cuidar de minha irmã, e tive de me esforçar para corresponder à expectativa de quem apostara na minha precocidade.

Felizmente, a pobreza material traz como contrapartida a necessidade de usar a imaginação. Era o que eu fazia durante todo o tempo que passava, mesmo ficando de olho na minha irmã, no jardim público que era como se fosse o quintal de nossa casa, em que transcorri toda a minha infância e adolescência.
Ali dava asas à minha fantasia, compartilhando de brincadeiras criativas, montando teatrinhos ao ar livre em que dava vazão à minha necessidade de expandir os limites estreitos de minha vida familiar. Essa foi a minha maior riqueza naquela época, junto com as descobertas que a escola e a vida me proporcionavam.

A religiosidade também surgiu muito cedo em minha vida, sob forma dos rígidos preceitos da igreja católica, que minha mãe também seguia à risca. A escola incentivava o estudo dos textos sagrados através de concursos que estimulavam o espírito de emulação dos alunos.

Também fui seduzida pela proposta que o movimento das bandeirantes, muito popular na Itália daquela época, me oferecia. Todas as atividades estavam atreladas à igreja, com todas as obrigações que isso comportava. Em contrapartida, havia as reuniões semanais em que éramos treinadas a desenvolver as mais variadas habilidades manuais e mentais, ao mesmo tempo em que nos inculcavam a importância de estarmos sempre prontas a servir o próximo, numa estrita observância dos preceitos cristãos.
Cheguei assim até meus quinze anos, quando uma notícia caiu como um raio no céu azul de minha existência.

Meu pai tinha aceito a idéia, lançada por um parente distante, de emigrar para o Brasil. É para a “América” que os italianos do pós-guerra se dirigiam na esperança de amealhar rapidamente, com seu trabalho, os recursos que lhes permitiriam voltar para sua terra com um pé-de-meia.
Um dos meus tios já tinha partido para a Venezuela e mandara chamar a mulher e os filhos, que moravam conosco. Quando meu primo, meu companheiro de todas as horas, se preparava para ir embora, não quis me despedir dele, como se isso pudesse amenizar a dor dessa primeira perda.
Naquele ano eu deveria me inscrever no colegial, e enquanto minhas colegas faziam mil planos de vida nova, eu tive de ficar aguardando os novos rumos de minha vida, afastada daquilo que mais amava, meus amigos e meus estudos.
Para complicar, estava vivendo uma primeira experiência de amor (platônico) com um rapaz muito mais velho do que eu, naturalmente às escondidas de meus pais.

Quando veio a confirmação de nossa partida, comecei a adoecer de uma moléstia que me derrubou e me deixou toda amarela. Depois fiquei sabendo que aquilo se chamava icterícia, uma doença do fígado.
Meu irmão, três anos mais velho do que eu, e todo entusiasmado com a idéia da viagem, ameaçou me matar se fôssemos impedidos de viajar por minha causa.

Duas cenas ficaram gravadas para sempre em minha memória: a romaria de minhas amigas que vinham se despedir de mim ainda de cama, e o adeus no cais, nós naquele imenso navio e todos os parentes e amigos do lado de lá, acenando com os lenços, enquanto a sirene lançava um estridente apito que mais parecia um toque fúnebre.


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clube Angela Li Volsi é colaboradora nesta seção porque sua história foi selecionada como um grande depoimento de um ser humano que descobriu os caminhos da medicina alternativa como forma de curar as feridas emocionais e físicas. Através de capítulos semanais você vai acompanhar a trajetória desta mulher que, como todos nós, está buscando...
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