Reencontro
por Saul Brandalise Jr. em EspiritualidadeAtualizado em 03/04/2001 18:09:13
Recebi o envelope azul e com ele o convite para participar da missa que o Padre Antônio Maria iria realizar as 20:00 Horas do dia 02 de abril de 2001, aqui em São Paulo, na Igreja Nossa Senhora do Rosário, na Vila Pompéia.
Não titubeei um segundo sequer em aceita-lo e assim confirmei a presença. O Padre me chamava a atenção, algum mistério estava contido na sua pessoa. Eu não conseguia decifrar mas sabia sentir que nele morava algo mágico. Como sempre procuro dar vida as minhas intuições, neste dia não foi diferente. Eu queria entender aquele homem que sempre carregava Nossa Senhora no seu peito ...
Eram 16:00 horas, acreditem, e eu já estava impaciente esperando a hora chegar. Me arrumei e fomos visitar o Sergio Scabia. Seu apartamento fica no caminho entre onde eu fico em São Paulo, e a Vila Pompéia. O tempo lá, com o Sergio, passa incrivelmente rápido. Ele fez Florais para a minha Mãe que queixava-se de dores na juntas dos dedos das mãos.. Ela tem problemas de artrite.
Finalmente cheguei na Igreja. Estacionei o carro em local claro e seguro e depois entramos. Fiquei surpreso. Parecia que eu tinha entrado em um Supermercado, em uma loja, no aeroporto, qualquer lugar público, menos em uma Igreja. As pessoas falavam alto, estavam inquietas, movimentavam-se sem parar. Pareciam estar aguardando o inicio de algum espetáculo circense. Não sou muito freqüentador de Igrejas mas, no tempo que eu ia com freqüência, lá era local de meditação, de oração e de profundo silêncio, afinal ali conversávamos com Deus. Não consegui me concentrar. Queria meditar e tentar entrar em sintonia com o Universo. Tudo em vão.
- Bem, pensei comigo, não vou deixar que isso me abata, afinal vim aqui para buscar boas energias e não para perde-las ...
Perdido em meus pensamentos olhei para um canto da Igreja e li a seguinte frase: PERDOAR SEM JULGAR. Isso era para mim. Tenho me esforçado muito para exercer o perdão e mais ainda para perder a mania de julgar. Olhar fixo na frase e exercitando o cérebro, fiquei alguns segundos. Neste momento eu não via e não escutava nada. Consegui meditar. A frase me fazia bem.
Despertei do transe quando alguém me tocou no ombro. Olhei e ele estava bem ao meu lado. Dez anos tinham se passado desde o nosso último encontro. Ele me olhou nos olhos e disse:
- Fui morar em Portugal. Fiz tudo o que tinha que fazer e que você sabia. Meu povo precisava de mim e de meu trabalho. O tempo não destruiu meu carinho por você, apenas nos colocou distantes. O verdadeiro amor desconhece tempo e distância. Estamos juntos, meu irmão, com a Lu Barbosa. Eu já tinha dito a ela que precisava reve-lo. Só que eu queria um local especial ...
- Você quer local melhor do que este, disse-lhe.
- É, o Universo conspira a nosso favor. Nada poderia ter mais valor do que aqui. Jesus mora aqui. Que bom te rever. Precisamos conversar muito. Vamos marcar um dia para colocarmos os assuntos em dia.
Nos abraçamos e nos beijamos no rosto. Trocamos a energia acumulada ao longo dos anos.
Foi assim meu reencontro com Roberto Leal. Ser humano dotado de uma humildade singular. Homem astro, aquele que sabe usar aquilo que o Universo lhe entrega pois tem a consciência que dividir é importante. Pai de seus irmãos, de sua família e de seu querido Portugal. Homem que soube receber a Rosa Vermelha – símbolo da revolução Portuguesa – e dar a ela a vida que o momento precisava.
Como Deus é bom. Ele, mais uma vez permitiu que eu revisse meu irmão de tantas encarnações e pudesse testemunhar que o verdadeiro sentimento, aquele que se planta sem se buscar recompensas, bate e volta.
Faça isso, plante. Apenas plante. Um dia você vai colher.
Um beijo no seu coração...
continua...
