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Descobridor do HIV defende a polêmica "memória da água"

Descobridor do HIV defende a polêmica
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Diz-se em Lindau (sul da Alemanha) que a cidade se torna a mais brilhante do mundo por uma semana, a cada ano, com o Encontro de Prêmios Nobel. Para esta 60ª edição vieram 59 laureados. Um deles, porém, parece disposto a contradizer o ditado.
O francês Luc Montagnier dividiu o prêmio em Medicina ou Fisiologia de 2008 com a ex-colega Françoise Barré-Sinoussi pela descoberta do vírus da Aids. Aos 77 anos, surpreendeu a plateia de 675 jovens pesquisadores com a palestra "O DNA entre a Física e a Biologia".
Poderia ter usado o título "Memória da Água". Durante meia hora, na segunda-feira, discorreu sobre marcas que seriam deixadas pelo DNA de algumas bactérias e alguns vírus no arranjo de moléculas de água, mesmo após sucessivas diluições.

O tema é ultracontroverso. Em 1988, o periódico científico "Nature" veiculou trabalho similar de Jacques Benveniste (morto em 2004). Em seguida, denunciou o trabalho como fraude. A "memória da água", tema caro a homeopatas, virou tabu.
Montagnier não só ressuscitou tese equivalente como deu ainda sua explicação para o fenômeno, que chamou de "ressonância": as modificações de estrutura na água emitiriam sinais eletromagnéticos. Um tubo de ensaio ao lado da água memoriosa "contrairia" a informação.
Num dos dois artigos que publicou sobre o assunto em 2009, cita Benveniste como fonte do aparelho empregado para captar os sinais.

MEMÓRIA APLICADA

Sua ideia agora é usar o suposto fenômeno para diagnóstico. Uma das aplicações com que sonha é encontrar vestígios do vírus HIV ocultos no sangue de pacientes mesmo depois que a carga viral é zerada com drogas.
Barré-Sinoussi falou logo depois de Montagnier. Não disse uma palavra sobre as pesquisas do colaureado.
A sucessão de painéis, na parte da manhã, não admite a realização de perguntas. Já na parte da tarde, os premiados se encontram com grupos menores de pesquisadores, em que jornalistas não podem fazer perguntas.
Montagnier foi procurado por menos de 30 pesquisadores, entre eles alguns que não conseguiram lugar nas sessões paralelas mais concorridas. O geneticista Nelson Fagundes, um dos cinco brasileiros entre os 675, estava lá.
Fagundes conta que Montagnier foi bombardeado com perguntas. O brasileiro perguntou ao colega do lado se era só ele que não estava acreditando. Recebeu resposta negativa.
Os dois trabalhos de Montagnier sobre o assunto saíram num novo periódico científico editado na China, "Interdisciplinary Sciences - Computational Life Sciences". O primeiro deles foi recebido no dia 3 de janeiro, revisado dia 5 e aceito dia 6. Noutras revistas científicas, isso pode demorar meses.
Já há blogueiros defendendo que ele ganhe o Ig Nobel, prêmio satírico para "pesquisas que não podem e não devem ser reproduzidas".

O repórter especial Marcelo Leite viajou à Alemanha para o 60º Encontro de Prêmios Nobel a convite da Fundação Encontro de Prêmios Nobel de Lindau.
Fonte: Folha de S. Paulo

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