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ALMAS GÊMEAS - Parte 1

Atualizado dia 4/27/2006 10:58:41 PM em Almas Gêmeas
por Maísa Intelisano


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Cada um que passa em nossa vida, passa só, pois cada pessoa é única e nenhuma substitui a outra. Cada um que passa em nossa vida, passa sozinho, mas não vai só, nem nos deixa só. Leva um pouco de nós, deixa um pouco de si. Há os que levam muito, mas não há os que não deixam nada. Esta é a maior responsabilidade de nossa vida e a prova de que duas almas não se encontram por acaso. Antoine de Saint-Exupéry

A palavra gêmeo vem do latim geminus e significa duplo, dobrado, semelhante. Segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, gêmeo é cada um dos filhos que nasce do mesmo parto e, por derivação de sentido, tudo o que é igual ou muito semelhante, que tem grande afinidade. Por analogia, almas gêmeas seriam espíritos que teriam surgido do mesmo ato de criação e são idênticos ou muito semelhantes em suas características, tendo também grande afinidade.

Embora o conceito seja muito antigo e esteja presente em várias culturas, não se sabe exatamente de onde veio a expressão alma gêmea, mas o mito parece ter surgido com Platão, em sua obra O Banquete. No texto, o filósofo grego, que viveu de 427 a 347 a.C., em Atenas, conta, pela narrativa de Aristófanes, a história dos andróginos, seres primordiais de um terceiro gênero, que existiu antes do masculino e do feminino que conhecemos.

A palavra andrógino vem da união de dois vocábulos gregos: andros, que significa homem, e gyno, que significa mulher, mas não designa o corpo onde habitam dois seres de gêneros diferentes, e, sim, um único e mesmo ser em que coexistem os dois gêneros, um ser com o poder dos dois gêneros, masculino e feminino, em si mesmo. Os andróginos eram, portanto, seres quase perfeitos e muito poderosos, pois tinham, em si mesmos, todas as oposições. Completos e fecundos, podiam dar à luz de si próprios.

Eram redondos e as costas e os quadris formavam um círculo. Tinham quatro mãos, quatro pernas e uma cabeça com duas faces exatamente iguais. Eram capazes de andar eretos em todas as direções e podiam também rolar sobre os quatro braços e pernas, como se virassem estrelas, cobrindo grandes distâncias, velozes como raios. 

Com tanta força e poder, tornaram-se ambiciosos e ousaram desafiar os deuses, escalando o Monte Olimpo, a morada dos imortais. O que fazer com eles, então?, discutiam os deuses reunidos no conselho celeste. Aniquilá-los? Mas e os sacrifícios, as homenagens, os templos e a adoração que vinham da Terra? Por outro lado, uma insolência dessas não poderia ser tolerada e precisava ser punida!

Depois de muito refletir, Zeus, o senhor supremo do Olimpo, descobre um meio de deixá-los mais fracos e ainda torná-los mais numerosos, sem destruí-los. Decide, assim, parti-los ao meio! E a cada um que partia, dava a Apolo, seu filho, deus da beleza, as duas partes para que as curasse, virando-lhes o rosto para o lado do corte, repuchando-lhes e amarrando-lhes a pele no que hoje chamamos de umbigo, para que, contemplando a própria mutilação, se lembrassem da lição.

E, desse modo, segundo a narrativa, desde que foram mutilados os andróginos, cada metade procura a sua outra metade para a ela se unir e, envolvendo-a e enlaçando-a, com ela se confundir e fundir, a ponto de nada mais poderem fazer uma sem a outra, na mais completa inércia.

Mas então as criaturas começaram a morrer, de fome e de desespero. Abraçavam-se e deixavam-se ficar. E diz Aristófanes que “sempre que morria uma das metades, a que ficava procurava outra e com ela se enlaçava, quer se encontrasse com a metade do todo que era mulher, quer com a de um homem...”

Com isso, a raça humana começou a se extinguir, pois os órgãos sexuais não haviam sido voltados para o mesmo lado do rosto, ficando para trás, fazendo com que as criaturas não copulassem entre si, mas no solo, como insetos, e, portanto, não se reproduzissem.

Zeus, então, penalizado, resolveu mexer novamente no seu lay-out e colocou seus órgãos reprodutores voltados para o lado que havia se tornado a sua parte da frente, para que, quando se abraçassem, as metades copulassem e, com isso, pudessem se reproduzir, dando continuidade à espécie e à vida da humanidade. Assim, com o tempo, eles esqueceriam o ocorrido e perceberiam apenas seu desejo. Um desejo que jamais seria saciado no ato sexual, porque, mesmo fundindo-se um ao outro por um instante, a alma saberia, ainda que não pudesse explicar, que não havia alcançado a verdadeira união e a saudade da união plena renasceria, nem bem a comunhão física tivesse se consumado.

Muito tempo se passou desde que Platão escreveu O Banquete e, ao longo desse tempo, algumas distorções parecem ter surgido no mito que se tornou conhecido como alma gêmea.

Deus, ou o que quer que chamemos de força criadora do universo, causa primária de todas as coisas, só é Deus se for perfeito, justo e amor incondicional. E se for tudo isso não pode criar nada pela metade, incompleto, faltando um pedaço. Todos nós, portanto, como criaturas divinas, somos seres inteiros, completos e perfeitos, no sentido de que nada nos falta e de que não precisamos encontrar uma outra metade ou pedaço para sermos felizes, inteiros e perfeitos.

Não somos incompletos, apenas não somos capazes de olhar para nós mesmos, temos medo de ficar sozinhos, não gostamos da nossa própria companhia e, assim, criamos uma sociedade que não aceita a idéia da solidão voluntária ou natural, uma sociedade que considera a solidão uma doença ou aberração.

Com isso, também nos tornamos dependentes da idéia de que somos obrigados a encontrar uma pessoa com quem viver, a pessoa perfeita, ideal, que vai nos fazer felizes para sempre, a nossa alma gêmea.E aí começam a rodar em nossa cabeça todos aqueles clichês românticos a respeito do assunto.

Ser gêmeo de alguém, como vimos no início, é ser igual ou muito semelhante, ter muita afinidade, ser par perfeito, ser a duplicata. Só isso.

Então, vejamos. Se eu gostar de espaguete, a minha alma gêmea também gostará de espaguete. E em nossa dispensa dificilmente haverá lasanha ou ravioli, porque nós dois gostamos de espaguete. E se eu for muito ciumenta? Bem, se minha alma gêmea for gêmea de verdade, ela também será muito ciumenta e nossa vida será um verdadeiro inferno. Então,  que é que um está acrescentando ao outro? O que é que os dois estão trocando?

Para crescer como pessoas e como espíritos temos de trocar. E troca só existe onde há diferença, pois onde tudo é igual, onde o que um oferece é exatamente igual ao que o outro oferece, o que há para trocar? E nessa situação, o que ambos estão ganhando? Talvez por isso, no mito de Platão, as criaturas inicialmente se abraçavam e morriam, porque não tinham absolutamente nada para trocar, até que Zeus foi lá e melhorou o lay-out, permitindo que eles, pelo menos, trocassem algo no ato sexual, ainda que isso não os satisfizesse espiritualmente.

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Conteúdo desenvolvido por: Maísa Intelisano   
Psicoterapeuta com formação em Abordagem Transpessoal, Constelações Familiares, Terapia Regressiva, Florais de Bach e Reiki II, é também tradutora e revisora; palestrante e instrutora em cursos sobre espiritualidade e mediunidade; e fundadora e presidente do Instituto ARCA de Mediunidade e Espiritualidade.
E-mail: [email protected] | Mais artigos.

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