HIPOCRISIA




Autor Maísa Intelisano
Assunto Almas GêmeasAtualizado em 10/27/2006 10:15:04 PM
Só se pode falar daquilo que se conhece bem. Ninguém consegue identificar, descrever ou apontar aquilo que não conhece. Esta é uma questão de lógica, de coerência.
Tudo o que identificamos e apontamos nos outros é, justamente, o que está bem identificado e reconhecido dentro de nós. Não adianta nos enganarmos. Aquilo que ainda ignoramos nos passa em branco e não pode nos incomodar ou afetar, pois não sabemos do que se trata. Já, tudo o que conhecemos nos salta aos olhos e nos amedronta, justamente pelo receio que temos de sermos desmacarados.
Aquilo que nos incomoda nos outros é justamente o que se remexe dentro de nós tentando se esconder.
Aquilo que nos revolta no mundo é justamente aquilo que se debate no nosso peito, fugindo da nossa própria consciência.
Aquilo que nos enoja no ser humano é justamente o que nos constrange a mente e faz encolher a alma diante do espelho.
Aquilo que condenamos nos outros é justamente o que temos de mais vergonhoso em nossa própria memória.
Aquilo que nos faz ferver o sangue de indignação é justamente o que de mais indigno trazemos dentro de nós.
Condenamos o ladrão que se apropria dos bens alheios, mas não reconhecemos o ladrão que há em nós quando roubamos a paz e a alegria de outras pessoas. Condenamos a prostituta que vende o corpo para sobreviver, mas nem sequer olhamos para a promiscuidade da nossa própria alma, vendendo-se a quem oferecer mais elogios, mais agrados, mais vantagens. Condenamos o viciado que se aliena envenenando o próprio corpo, mas não vemos a alienação voluntária a que nos entregamos ao buscarmos a embriaguês do consumismo e do supérfluo. Condenamos a violência descontrolada dos que matam indiscriminadamente, mas não enxergamos violência na indiferença e na frieza com que olhamos as pessoas na rua.
Condenamos a corrupção pública, mas ignoramos propositalmente a forma como corrompemos nossos próprios filhos ao premiá-los pelas notas, pelos diplomas, pelos sucessos. Condenamos a maledicência alheia, mas não nos furtamos a disparar nós mesmos o boato quando dele podemos tirar vantagem ou quando ele nos dá prazer. Apressamo-nos em desmascarar a hipocrisia que anda à nossa volta, mas guardamos a sete chaves o falso moralismo com que nos defendemos das acusações da vida.
Todos temos o dedo torto e cheio de verrugas, como os dedos feios que inventamos para os personagens assustadores dos contos infantis. E é com esse dedo que apontamos o dedo torto dos outros. É com esse dedo defeituoso que pretendemos apontar o caminho reto para os outros. É com esse dedo deformado que queremos ressaltar o defeito no dedo dos outros.
Mas um dia o corpo tomba e, com ele, cai também a máscara que insistimos em carregar pela vida afora. E quando isso acontecer não será necessário que dedos alheios nos venham apontar as deformidades e os defeitos, pois, em oposição ao dedo que trazíamos sempre apontado para os outros, estarão três outros dedos nossos, completamente disformes e endurecidos, que sempre estiveram ali alertando-nos insistentemente, mas que nunca tivemos coragem de saber exatamente para onde apontavam.
Texto revisado por Cris
Autor Maísa Intelisano
Psicoterapeuta com formação em Abordagem Transpessoal, Constelações Familiares, Terapia Regressiva, Florais de Bach e Reiki II, é também tradutora e revisora; palestrante e instrutora em cursos sobre espiritualidade e mediunidade; e fundadora e presidente do Instituto ARCA de Mediunidade e Espiritualidade.
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