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O Tempo...

Atualizado dia 3/31/2008 6:56:54 PM em Autoconhecimento
por Carmem Calmon Lacerda


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A primeira vez que ouvi alguém falando a respeito dos idosos utilizando o termo “antigo”, me deixou encantada. Eu, que raramente vejo TV - raro que eu digo é coisa de a cada seis meses - estava passando e vi um programa de culinária em que o apresentador assim falava dos idosos: OS ANTIGOS. Pensei: Que termo mais apropriado! Lido com idosos há tanto tempo! Porque nunca me ocorreu isso?

Chamar de antigos os nossos idosos é uma forma linda de nos referirmos a pessoas que nos cercam. No momento em que o fazemos “promovemos” a pessoa apenas “velha” a alguém “valioso” em um piscar de olhos.

Não estava preparada, porém, para o fato de que, na real, as pessoas estranham muito o termo. Hoje, quem convive comigo gosta, mas questionavam no início: "Que negócio de antigo é esse, Dona Krika?"

Quem nunca viu na vida real ou em um filme um antiquário ou mesmo alguém comum que simplesmente gosta de coisas antigas, digo, móveis, copos, esculturas, etc... ficar com raiva ao ouvir alguém falar “daquilo ali” quando na verdade era uma relíquia? Será apenas uma questão de valores? Pode ser. Preferência? Também, é possível. Gosto? É... Ou mau gosto, também.

Na verdade, queria trazer este aspecto à luz dos nossos olhos e de nossas vidas e avaliar o termo em relação às pessoas. Com muita sinceridade, ao olhar um idoso você vê alguém velho ou antigo? Depende de quem é? Seus pais e familiares são, em sua maioria, ANTIGOS? Pessoas que carregam valor em suas rugas, experiência em suas palavras, sabedoria em seus conselhos e se falam com muita frequência a você: “Não disse, meu filho?”, a “ficha” acaba caindo de que talvez você deva prestar mais atenção ao que dizem...

Você vê com os mesmos olhos os mendigos da rua? Os pedintes? Será que, como a maioria a quem perguntei, vai pensar: “O que um cara desses vai ter pra me ensinar?” A você? Realmente não sei, mas a mim... bem, tenho aprendido muito.

Perdi meus pais muito cedo e não fui morar com familiares; morei sozinha. Comecei a trabalhar com 17 anos, mas não imaginava que isso seria primordial para minha sobrevivência com minha mãe após a morte de meu pai.

Faço um parêntese aqui para dizer que sempre fui alguém feliz, muito feliz, mesmo nas horas de perdas mais difíceis quando me perguntava porque não me desesperava (já achei que fosse alienada). Vejo, hoje, mais madura - ahaha... pouca coisa, mas mais madura - que a serenidade interna é inabalável. E ao perceber isso me vejo mais sábia antes que agora. Então, este texto, por exemplo, é como uma catarse de meus engodos. Do que DESAPRENDI pela vida afora e de um resgate que estou fazendo há 9 meses, hoje; note-se: o tempo de uma gestação, tempo de dar fruto, de compartilhar, então, eis aqui o artigo para vocês.

Continuei meu caminho e ao ir morar em Brasília, 20 anos atrás, não imaginava que ia ao encontro do amor de minha vida. E assim foi... A vida naquela terra que considero árida e fria - talvez fria para mim - originada no litoral onde tudo é festa, onde a maioria das pessoas se conhece desde pequena e onde nada fica oculto por muito tempo... terra “caliente”, não tão valorizada por mim na época, hoje é meu norte, meu sul, meu cantinho... posso dizer: que bom, cheguei!

Mas foi nesse caminho, como a maioria, creio, cheio de pedras que encontrei meus maiores ensinamentos. Realmente, foi atípico o fato de não ter uma mãe após os 25 anos para me orientar com meu primeiro filho, de não contar com uma sogra, tia, avó, uma imagem feminina mais experiente. Tive ajuda, sim, de pessoas bem jovens que gostavam muito de me ajudar, meio sem jeito e com mais medo ainda que eu, mas que me empurravam adiante, para auxiliar nos primeiros banhos, no corre-corre para o pediatra. Imaginem uma mãe solteira, sem pais na Terra, com um filho com refluxo e que mamava como um bezerro. Uma mãe que se sentia tão menina e tão apaixonada pelo filhote que sempre achou que tudo daria certo, um filhote que engoliu um osso de galinha, um apito de brinquedo, apareceu na sala como um Et com dois pedaços de coco nas narinas reclamando que não saia nem entrava... aiai, que a cada regurgito tinha que ser auscultado - ahahah, parece piada agora - e realmente, depois do susto minha reação era sempre de rir muito. Onde foi parar essa menina tão positiva e pra quem tudo dava certo no final?

É em busca dela que estou neste tempo que mencionei acima (9 meses). Ainda não a encontrei “todinha” pois ficou muito tempo escondida e está temerosa de se expor por completo, mas devagarinho sinto ela chegando pertinho e voltando a ser parte de mim.

Há mais de 3 anos percebi que os idosos, os antigos, que compartilharam minha vida ao longo deste caminho foram de suma importância. Aliás, todas as pessoas que por mim passaram, as que comigo ficaram, as que se foram, as que retornaram, todas deixaram sua marca, alguns desencontros, outros desencantos, mas... putzzz, que saldo positivo enorme tenho no final.

Lá em Brasília ainda fui me espelhando e apoiando em vizinhas idosas-bondosas que me davam carinho e mimos na gravidez do segundo filho, enveredei pelas terapias em estudos infindáveis para ter amigos e pertencer a um grupo, em sua maioria formados por pessoas antigas, tão cheias de sabedoria, de vida, de história, magníficos seres humanos, diga-se de passagem. Na verdade, o Divino estava me mostrando o caminho e eu, esperta sem saber, fui seguindo e caminhando.

Hoje, já há alguns anos me dedico aos antigos, aos que têm tanto a nos acrescentar, antigos por terem valor inestimável; certas coisas que apenas a história e o tempo agregam à vida, fatos, conhecimento, acontecimentos e experiências; ninguém compra, ninguém rouba, não está acessível a ninguém que não esteja disposto a adquirir pelo caminho da vida e do tempo, não há como adquirir por osmose como nós, mães, gostaríamos de vez em quando...

Isso se chama o famoso know how, termo tão usado em trabalho, porque não aplicá-lo à vida? Know how de vida! Isso, os nossos antigos possuem, muitos estão rabugentos e intratáveis, não parecem ter nada a nos ensinar? Pare um pouco do lado, converse, tente, geralmente terá uma surpresa e, claro, algumas vezes sairá com a sensação de que nada lhe acrescentou. Ledo engano, lhe acrescentou uma tentativa de fazer a vida de alguém melhor... a TUA.

A gente se fala depois.

Krika

Texto revisado por Cris

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Conteúdo desenvolvido por: Carmem Calmon Lacerda   
Trabalho e estudo Aromaterapia, Florais de Bach e Califórnia, Terapia do Barro (GEOTERAPIA) e Shiatsu Emocional. Sou Reflexoterapeuta e Fitoterapeuta. Muito confiante e feliz com o meu trabalho, faço com estudo e amor.
E-mail: [email protected] | Mais artigos.

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