A ignorância mais perigosa é aquela que veste certeza como virtude



Autor Paulo Roberto Savaris
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 7/18/2025 5:38:47 PM
Há um tipo de ignorância que não se esconde na sombra - ao contrário, se apresenta como virtude. Anda de cabeça erguida, fala alto, veste-se de certezas inquestionáveis e caminha em meio à sociedade como se fosse sabedoria. Seu poder está justamente nisso: ser confundida com verdade.
Essa ignorância aparece quando crenças ultrapassadas se misturam com autoridade, quando tradições são usadas para justificar exclusões, e quando o poder econômico define quem merece voz ou vez. Ela se revela, por exemplo, em discursos que culpam os pobres por sua pobreza, que negam a diversidade cultural como riqueza e que se apoiam em dogmas para manter privilégios. Está presente na negação da ciência - como quando se ignora o aquecimento global -, no revisionismo histórico que relativiza a escravidão ou a ditadura, e nos discursos de ódio disfarçados de liberdade de opinião.
Jesus, o Nazareno do Amor, alertou:
"Se um cego guia outro cego, ambos cairão no buraco." (Mateus 15:14)
E esse buraco, hoje, pode ser visto nas periferias abandonadas, nas escolas públicas sucateadas, na falta de políticas inclusivas e no esquecimento sistemático de populações inteiras, cujas histórias não foram escritas por elas, mas sobre elas - muitas vezes com distorções.
Muitos, seduzidos pela ideia de ascensão social, renegam suas origens. Repetem os discursos que antes os feriam, acreditando que isso lhes dará um lugar entre os que os excluíam. Constroem, assim, não castelos, mas trincheiras de negação, onde se isolam da própria história e da coletividade que os formou.
Como disse Napoleon Hill:
"Nenhum homem pode alcançar o sucesso genuíno sem ajudar os outros a alcançar o deles."
O sucesso que nasce da negação de si mesmo é frágil. Brilha, mas não ilumina. Atrai, mas não acolhe. E quando desmorona - porque inevitavelmente desmorona - deixa um vazio maior que qualquer fracasso vivido com verdade.
A história mostra que mudanças profundas - como o fim do apartheid, o direito ao voto das mulheres ou a redemocratização de países - nunca aconteceram sem luta organizada, dor e coragem. Nenhuma transformação veio pronta: ela foi construída por gente disposta a errar, ouvir, mudar.
Vivemos tempos em que verdades simples são sufocadas por gritos de "certeza". Mas é na humildade que reside a verdadeira sabedoria. E não se trata de uma humildade passiva, que se cala diante da injustiça, mas de uma atitude ativa de escuta e abertura.
Como praticá-la?
- Diálogo honesto: por meio de círculos de escuta, rodas de conversa, mediação comunitária e programas de justiça restaurativa.
- Educação crítica: ensinando desde cedo habilidades como checagem de fontes, análise de narrativas, pensamento sistêmico e empatia histórica.
- Postura reflexiva: ao fazer perguntas reais a si mesmo - "e se eu estiver errado?", "o que eu ainda não enxerguei?", "quem está fora do que estou defendendo?"
"Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará." (João 8:32)
No fim, a pergunta permanece: estamos buscando luz ou apenas brilho?
"Entre o saber e o parecer saber, mora o abismo onde caem os que vestiram a ignorância com a roupa da virtude."
Um Sonhador, Caminhando com Francisco: Paulo Roberto Savaris é autor dos eBooks: Caminho de Francisco, Entre o Céu e o Silêncio e o Segredo da Simplicidade Franciscana na Amazon Série Descubra Caminhando com Francisco e do Blog Caminhando com Francisco, dedicado à educação, à escrita inspirada na espiritualidade e nos valores de simplicidade e amor ao próximo.
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