A Sabedoria da Entrega Consciente




Autor Paulo Tavarez
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 5/14/2025 8:16:35 AM
Você pode muito - mas não comanda tudo. A Vida está no comando.
Acredite: você veio a este mundo para experienciar exatamente o que está vivendo. Está no lugar certo, convivendo com as pessoas certas, enfrentando os desafios necessários. Não por acaso, mas porque tudo isso serve a um processo de aprendizado profundo. Somos aprendizes em meio a uma escola complexa e viva, onde cada movimento tem sua razão, mesmo que nossa mente ainda não compreenda. Humildade é reconhecer isso: aceitar, com consciência, as proposições da Vida.
A ideia de que somos os arquitetos absolutos do próprio destino é uma ilusão egocentrada. A Natureza - com suas leis, princípios e ritmos - organiza muito mais do que podemos controlar. Somos parte desse processo, não seus senhores.
Será que tivemos mesmo escolha? Ou será que boa parte das experiências que vivemos são compulsórias, dirigidas por forças maiores do que nossa vontade consciente? Os erros que cometemos muitas vezes apenas revelam o grau da nossa imaturidade - são como tropeços naturais de alguém que ainda aprende a caminhar. Não se trata de culpar-se eternamente por isso, mas de compreender que, como aprendizes, ainda agimos com limitação.
Nossos equívocos não nos definem. Eles refletem o estágio da consciência que ocupamos. E não, nunca estivemos no controle total. Ainda somos, em grande parte, conduzidos por padrões, condicionamentos e princípios invisíveis que regem o mundo corpo-mente. Somos afetados por contextos, histórias, heranças emocionais, traumas e vínculos que nem sempre escolhemos conscientemente.
As pessoas que cruzam nosso caminho e, por vezes, sofrem conosco, também estão inseridas nesse processo maior. Isso não significa ignorar a dor que causamos, mas entender que a existência é um entrelaçamento de trajetórias interdependentes. Ninguém é exclusivamente algoz ou vítima - todos somos espelhos e instrumentos uns dos outros. Isso, porém, não exclui a responsabilidade moral. Pelo contrário: a aprofunda. Assumir os próprios atos com lucidez é sinal de maturidade espiritual, não de culpa paralisante.
Lembrando as palavras de Jesus: "É preciso que haja escândalos..." - experiências chocantes que rompem padrões e revelam estruturas escondidas. Quem enxerga a vida apenas de forma linear - sujeito versus objeto, certo versus errado - perde a chance de ver as conexões ocultas. A verdadeira compreensão requer o desenvolvimento de uma Consciência Sistêmica, capaz de perceber os fios invisíveis que ligam causa, efeito, tempo e alma.
A maioria das pessoas sofre porque resiste ao que não entende. Mas tudo está inserido em uma lógica maior, que ainda desconhecemos. A presunção de sermos protagonistas absolutos da existência nos cega para o fato de que somos, acima de tudo, canais da Vida.
Nosso papel, ao que tudo indica, é mais de testemunhar conscientemente do que controlar. Sim, temos livre-arbítrio - mas ele é proporcional ao nível de consciência que desenvolvemos. Quanto mais estamos identificados com o ego, com o corpo, com a mente e com os desejos transitórios, menor nossa liberdade real. Somos como peixes num aquário: podemos nadar, escolher direções, mas não sair da água. Mesmo assim, essas pequenas escolhas ainda produzem impactos - e, portanto, exigem atenção.
A vontade da Vida sempre se realiza, cedo ou tarde. E a inteligência está em aprender a cooperar com ela. Essa Mãe Divina, que nos envolve com sabedoria e amor, propõe caminhos que, muitas vezes, só mais tarde reconhecemos como necessários. Por isso é preciso confiar, render-se e entregar-se com presença, não com resignação. A rendição consciente é a fé amadurecida.
Aqueles que desenvolvem um grau mais elevado de percepção compreendem que tudo o que nos acontece está, de algum modo, a serviço do bem - não o bem moralista, superficial, mas o bem profundo, aquele que nos aproxima da verdade e da totalidade do ser.
Rebeldia, resistência inconsciente, negação da experiência: tudo isso só gera mais sofrimento. Dar tapas na colher que te alimenta, ignorar os sinais da vida, desprezar os convites ao autoconhecimento... são formas de empacar na dor.
Não viemos realizar apenas nossas vontades, mas colaborar com a Vontade maior que nos trouxe até aqui.
Os desejos que alimentamos - sejam por controle, reconhecimento, prazer ou fuga - são os verdadeiros causadores dos nossos infortúnios. Não são o problema em si, mas a ilusão de que sua realização trará plenitude. Ficamos presos à terceira dimensão não porque somos castigados, mas porque desejamos aquilo que nos mantém presos.
Enquanto resistirmos à transitoriedade da vida e nos apegarmos a um eu idealizado, seguiremos construindo identidades falsas. Quase todos vivem tentando ser o que não são, fugindo da própria verdade como o diabo foge da cruz. Os verdadeiros heróis não são aqueles que vencem o mundo, mas os que têm coragem de encarar a própria sombra.
E quando alguém se permite ver com olhos de verdade, percebe: nunca faltou nada. Nunca esteve fora do lugar. Nunca esteve separado do que mais buscava.
Esse alguém, então, não apenas se encontra - ele se reconhece.









Conteúdo desenvolvido pelo Autor Paulo Tavarez Conheça meu artigos: Terapeuta Holístico, Palestrante, Psicapômetra, Instrutor de Yoga, Pesquisador, escritor, nada disso me define. Eu sou o que Eu sou! Whatsupp (só para mensagens): 11-94074-1972 E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |