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A Sociedade Feudal e os Templários - III

Atualizado dia 5/25/2007 4:19:30 PM em Autoconhecimento
por João José Baptista Neto


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Ao aceitar o nobre a disciplina monacal os cavaleiros templários se converteram em uma magnífica máquina militar, pelo que os Reis a utilizaram como a força principal de suas batalhas; bom exemplo disso foi a batalha das Navas de Tolosa, sendo os cavaleiros do Templo a espinha dorsal do exército cristão espanhol. Por fim os Reis se encontravam com um exército ou uma cavalaria bem preparada e obediente, já não dependiam exclusivamente de suas próprias tropas que eram poucas, nem das dos grandes senhores que eram inseguras.

E restava um outro problema a ser resolvido: os pagamentos internacionais; o Império Romano possibilitou comerciar por todo o Mar Mediterrâneo - mare nostrum como o chamavam os romanos - com a moeda romana. Porém, destruído o Império destruiram-se os meios de pagamentos internacionais. Os Templários solucionaram este porque se converteram em banqueiros internacionais adicionando ao aspecto militar e monacal o financeiro e os fez mudar seus esquemas mentais para adaptá-los à nova realidade européia.

A necessidade, pois, os impulsionou a terem uma concepção transnacional de sua força. Basta um exemplo para entender o exposto: quando a multinacional de automóveis Ford implantou sua fábrica em Valência o fez por várias razões técnicas, como a existência do porto de Valência, a de estradas e a siderúrgica de Sagunto. A estas vantagens de caráter interno devemos acrescentar que a fábrica de automóveis que a marca Ford tem em Almusafes faz somente a montagem já que os motores são fabricados na Alemanha e as carrocerias na Inglaterra; no entanto, na Espanha são montados e o produto vendido em todo o mundo. Isso significa uma concepção transnacional da fabricação do automóvel.

Pois bem, os Templários tinham essa concepção global do problema militar na Terra Santa pois manter o esforço militar lá, requeria ter uma mentalidade organizadora transnacional que superasse os limites da comarca, porque implicava enviar dinheiro (com o problema adicional da inexistência de uma moeda internacional de pagamento), também, alimentos e forragem; significava transportar os cavaleiros com seus cavalos e equipamento militar à Terra Santa e, por último, manter o esforço bélico.

O que surpreende é que foram capazes de fazê-lo durante quase duzentos anos e que de forma definitiva a Ordem do Templo resolveu os problemas de pagamentos internacionais favorecendo o comércio e o ressurgimento econômico da Europa. Desse modo a Europa deixou de ser um continente com poucas cidades para converter as cidades em eixos de seu desenvolvimento econômico.

E não devemos esquecer outro aspecto importante do Templo: a criação de elites dirigentes que foram preparadas para que as sociedades pudessem evoluir. Enquanto houve Templários houve arte gótica, houve elites dirigentes, houve pagamentos internacionais, nasceu um sentido europeu que surgiu da mixagem dos povos bárbaros com os povos romanizados e governados por um grande Império Romano.

Com a destruição da Ordem Templária podemos afirmar que a Europa entrou na Baixa Idade Média, a Idade Média das cidades e da peste negra e da pré- renascença."

Breve Comentário

Mais uma vez se confirma que todos os grandes movimentos que deram certo ao longo da história foram o resultado da necessidade de resolver problemas surgidos ao longo de determinadas épocas e que bem resolvidos consolidaram-se como modelos. Tal foi o caso da Ordem do Templo.

Do excelente artigo acima embasado em pesquisa histórica conduzida pelo autor com auxílio de uma historiadora, vemos os primórdios da sociedade ocidental constituída em bases bastante rudimentares evoluir de um sistema de castas (guerreiros, trabalhadores e religiosos) para um sistema de economia transnacional, aperfeiçoando-se à medida que os problemas surgidos à cada etapa vão sendo solucionados, na sua grande maioria, à força de conflitos, lutas e guerras.

Dentro desse contexto de evolução com base no progresso econômico, que tem como "motus" quanto maior a riqueza maior o poder, vemos nascer por parte dos Reis o movimento de busca de riquezas além das fronteiras européias para que pudessem financiar seus próprios exércitos, uma vez que viviam em constantes disputas com os reinos adjacentes por terras, castelos, etc... levando-os à autodestruição. Surge, então, a idéia da 1ª Cruzada, tendo a Igreja como incentivadora, visando a unificação das forças bélicas contra um inimigo comum, mas que por trás a intenção era acabar com a luta entre os Reis. Como as táticas bélicas eram também bastante rudimentares e a disciplina incipiente, visto que cada Rei tinha um pequeno exército e o comando era fragmentado, surge a idéia, através de São Bernardo, de se adotar para os exércitos a organização monacal associada às táticas de guerra. Surge então o monge guerreiro e com ele a Ordem do Templo.

Olhando-se por esse prisma, vê-se que a Ordem do Templo nasce mais de um movimento econômico do que de um movimento religioso. Qual Rei estaria disposto a arriscar seu reino e suas posses por um movimento religioso se não houvesse uma compensação material que aumentasse suas riquezas e poder justo numa época de grandes disputas territoriais? O cunho religioso teve por fundamento tão somente organizar e unificar aquelas forças bélicas fragmentadas.

Adotando a bem-sucedida unidade e organização monacal-militar, a Ordem do Templo consegue administrar um exército e uma guerra longe de suas fronteiras originais nunca deixando faltar suprimentos, alimentos e forragem. Ampliando suas atividades intensifica o comércio com países do mediterrâneo, tornam-se banqueiros, financiam atividades variadas, unificam a moeda de troca através da letra-de-câmbio, passam a ter frota naval, administram vários portos. Enfim, em duzentos anos tornam-se uma potência econômica e bélica superior a qualquer reino da Europa.

Devido ao privilégio que tinha de ser a única Ordem que só devia satisfações ao Papa e dadas as dimensões econômicas e bélicas que atingiu, chego a cogitar se não foi a própria Igreja em acordo com Felipe, O Belo, que tramou a derrubada e a extinção da Ordem. Fora a Igreja, os Templários foram o primeiro Estado sem fronteiras. Foram a primeira organização transnacional em termos econômicos.

Com todo o sucesso que experimentou em duzentos anos de vida, com as dimensões que chegou a ter, como seria hoje a Ordem do Templo? Como seria hoje o mundo se a Ordem não tivesse sido extinta? A Organização das Nações Unidas - ONU - seria chamada de Távola Redonda? O bem-estar dos povos e de toda a humanidade seria chamado de Santo Graal?

Texto revisado por Cris

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