Além do Certo e Errado: O Caminho para a Realidade




Autor Paulo Tavarez
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 5/13/2025 12:24:42 PM
O poeta persa Rumi nos convida a ir além da dicotomia entre o certo e o errado, dizendo:
"Para além das ideias de certo e errado, existe um campo. Eu me encontrarei com você lá."
Rumi nos ensina que a verdadeira conexão com a realidade, com o outro e consigo mesmo só é possível quando transcendemos as limitações impostas pelo sistema dualista que rege grande parte de nossas vidas. Enquanto estivermos presos às regras, valores e normas que, embora úteis em determinados contextos, são transitórios e relativos, permaneceremos em um mundo de dualidade. Nesse mundo, somos forçados a adotar uma perspectiva egocentrada, na qual fazemos escolhas, emitimos julgamentos e assumimos uma identidade que, no fundo, não é verdadeira.
Esse apego à realidade dual gera uma separação entre nós e o mundo. Nossa comunicação se torna fragmentada, pois os parâmetros internos de cada ser humano são profundamente distintos. Isso nos leva, muitas vezes, a buscar o convívio apenas com aqueles que compartilham das mesmas crenças e afinidades, enquanto rejeitamos, sem perceber, aqueles que não nos agradam. Ao fazer isso, limitamos nossas experiências e relações, criando barreiras que nos impedem de ver a totalidade da vida.
Viver em um ambiente dualista exige de nós uma constante avaliação, na forma de julgamentos, e uma contínua necessidade de tomar decisões. Cada ação nossa, cada passo dado, é guiado pelo acúmulo de tudo o que absorvemos ao longo da vida - nossas experiências, valores, crenças e expectativas. Nosso repertório inconsciente, formado pela convivência com as tradições, culturas, religiões e até pelos ensinamentos parentais, dita como reagimos aos estímulos externos. O problema é que muitas dessas avaliações são contaminadas por preconceitos, ou seja, são moldadas por crenças que não questionamos, que aceitamos como verdades absolutas.
Essas crenças, então, formam uma espécie de "programa interno" que nos faz agir de maneira automática, muitas vezes sem nos darmos conta. Cada julgamento que fazemos, seja sobre nós mesmos, seja sobre os outros, está inevitavelmente atrelado a esses preconceitos. Por isso, podemos afirmar que todos nós carregamos, em algum grau, preconceitos. Não há ninguém que esteja completamente livre dessa carga. E o mais desafiador é que, ao sermos prisioneiros desse "programa", não conseguimos enxergar a totalidade da realidade, apenas uma versão limitada dela.
Para sairmos dessa armadilha, é necessário dar um passo atrás. Devemos olhar os acontecimentos com uma perspectiva mais ampla, sistemática, buscando compreender a lógica por trás de cada fenômeno, sem as distorções da mente dualista. Quando aplicamos as leis universais da lógica, podemos perceber que os conceitos de mal, vítima e algoz são, na verdade, construções da mente. Tudo se encaixa dentro de um grande jogo cósmico, no qual cada ser desempenha seu papel como parte de uma sinfonia universal.
O homem ainda está distante de entender que, no fundo, tudo está certo. Para ilustrar isso, imagine uma pessoa cega tentando descrever as cores de um arco-íris. Como ela poderia compreender algo que está além da sua capacidade de percepção? Da mesma forma, como poderíamos entender o que é a liberdade se vivemos desde o nascimento dentro de uma prisão invisível, limitada pelos julgamentos e pelas normas que nos impõem? A natureza não dá saltos. Para muitos, estas ideias podem parecer absurdas, mas essa visão, embora incipiente, já começa a se espalhar pelo mundo como um convite à mudança de perspectiva. Está na hora de percebermos que as portas da nossa prisão estão abertas - basta dar o passo para a liberdade.
No fundo, a verdadeira liberdade não é uma questão de escapar de um mundo físico ou de normas externas, mas de transcender as limitações mentais que nos aprisionam. A liberdade começa no momento em que compreendemos que a realidade não é dividida em certo e errado, mas sim em um processo contínuo de aprendizado, evolução e integração.
O evangelho nos lembra: "Pois nada há de oculto que não venha a ser revelado, e nada em segredo que não seja trazido à luz do dia" (Mc 4:22). Essa revelação não é apenas sobre o que está oculto no mundo exterior, mas sobre o que está oculto dentro de nós mesmos. Ao sairmos das sombras da dualidade e enxergarmos o que realmente somos, podemos, finalmente, nos encontrar com a essência do Ser, além dos julgamentos, das crenças e da identificação com um personagem que não é real.









Conteúdo desenvolvido pelo Autor Paulo Tavarez Conheça meu artigos: Terapeuta Holístico, Palestrante, Psicapômetra, Instrutor de Yoga, Pesquisador, escritor, nada disso me define. Eu sou o que Eu sou! Whatsupp (só para mensagens): 11-94074-1972 E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |