BASÍLIO




Autor Hellen Katiuscia de Sá
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 5/24/2005 9:05:09 AM
Basílio era o sexto patinho de uma ninhada de dez ovos. Sua mãe, muito dedicada, chocava os ovos noite e dia. Eis que o grande momento chega. Depois de tanta ternura, na madrugada de um domingo, um a um os patinhos iam saindo dos ovos. Partiam o ovo devagar, enquanto sua penugem amarelinha ficava livre das cascas molhadas. Estavam quase todos libertos, menos Basílio.
Ele estava às voltas com seus pensamentos. Tinha medo de sair da casca e encarar a vida. Preferia ficar dentro do ovo que o gerara. Inerte, naquele lugar, Basílio alimentava somente o que sua mente mandava. Seu coração também lhe falava mas Basílio preferia dar razão aos pensamentos frios e calculistas que lhe governavam. Achava absurdo sair de seu ovinho e ter que cair para aprender a andar; enfrentar o mundo para ser respeitado; correr muitos perigos até chegar a idade adulta.
Basílio, nutrido pela razão isolada do coração, preferiu permanecer dentro do ovo. Na cabeça dele ali era lugar mais seguro do que o lado de fora. E lá ficou!
Ao amanhecer, sua mamãe levantou-se do ninho e que surpresa! Seus patinhos estavam todos fora dos ovos; só Basílio permanecia quieto! Então, era hora dos pequenos irem à lagoa, e assim aconteceu. Ficou para trás o ovinho que não se quebrou.
À noitinha, de volta ao ninho, comentavam as coisas que tinham visto pelo caminho até a lagoa; os patinhos tinham aprendido coisas incríveis. E Basílio, dentro de seu ovo, conseguiu aprender sua única lição em vida: aprendeu que a razão sem o braço amigo do coração é como árvore de frutos amargos. Basílio preferiu comer o fruto do medo, que leva o torpor dos sentidos ao corpo, ao invés de viver. Por causa disso, sua mãe jamais pôde levá-lo consigo nos passeios e Basílio nunca pôde nadar na lagoa.
Não sejamos iguais ao Basílio. Possamos sim, ultrapassar nossos medos e dúvidas e abrir nossos corações para a vida. Viver uma vida plena, com a total entrega em tudo que fazemos e experimentamos, viver apaixonadamente. É viver sob estado de graça, porque estamos fazendo o que é de nossa natureza.
Amar e viver a vida significa aceitar tudo o que ela nos proporciona, a fim de nutrirmos o terreno à nossa volta; para que nossa árvore da vida cresça saudável e produza frutos doces, não só para quem tiver fome, mas para nós mesmos. Pois, o que seria das árvores se elas não alimentassem o solo onde estão plantadas com as folhas secas que caem de si mesmas?
Hellen Katiuscia de Sá
22 de maio de 2005
Texto revisado por Cris
Conteúdo desenvolvido pelo Autor Hellen Katiuscia de Sá
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