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Clínica astrológica e clínica psicanalítica

Atualizado dia 5/2/2006 11:32:09 AM em Autoconhecimento
por Walter Luis Bastos Doege


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A clínica tem sua origem linguística básica na palavra klinos, da língua grega, significando leito, cama, onde o doente, paciente ou enfermo - são condições diferentes! - se encontra, se deita, se recosta... porque não consegue mais caminhar nem manter-se em pé. Daí derivações verbais como inclinar, reclinar, declinar.

Clinicar significa fundamentalmente cuidar, solidariamente. Ainda que em posições diferentes, subjetivamente e objetivamente, cuidador e cuidado são pessoas e, a partir desta condição, a solidariedade deve prevalecer sobre a compaixão piedosa, esta sim criadora de um sistema de poder destrutivo. Este poder destrutivo é um grave problema contemporâneo. Existem raros cuidadores com vocação e talento.

Na tradição astrológica o inconsciente não está escondido; o inconsciente está escrito nas estrelas, ou melhor, no mapa, pois o mapa astrológico, sobretudo o mapa natal, reflete a interpretação das posições dos planetas e signos nas casas astrológicas e as influências identificadas no nascimento. É preciso lembrar aqui o importante princípio de que os astros inclinam mas não determinam...

Quem busca o astrólogo traz uma demanda de saber e um sofrimento, em geral a partir de um evento recente, evento que causou dor. Busca alívio, certamente, mas busca este saber acerca de si mesmo - menos explicitado - ao lado do saber acerca do futuro, acerca do cotidiano humano, acerca de amores, paixões, perdas, crenças, quereres. Raramente uma pessoa busca o astrólogo para saber a data de sua morte. Daí, talvez, a prática da astrologia horária seja, de alguma maneira, sutilmente evitada, tanto pelas pessoas como pelos astrólogos.

Portanto, assim posto, há uma demanda de saber e há uma necessidade de alívio para a dor. Em clínica astrológica o astrólogo acolhe o cliente, escuta sua demanda e interpreta o(s) mapa(s). Geralmente as pessoas buscam a interpretação do mapa natal. Raramente voltam a consultar o mesmo astrólogo. E este fato é importante para uma reflexão: realizar a clínica astrológica exige uma consulta mensal, pelo menos periódica, e um acompanhamento através da revolução solar; não para melhorar a dimensão financeira (casa 2) do astrólogo, mas para adquirir em um processo gradual e difícil o autoconhecimento, não pelo autoconhecimento em si, absolutamente inútil se não se refletir em novas estratégias de viver o cotidiano, com mais prazer, saúde e alegria. Não que o astrólogo seja o mestre, o guru, aquele que sabe... em absoluto! O astrólogo deve evitar estas posições demandadas pela cultura e pelos consulentes.

Em específicas situações considero fundamental a sinastria e o mapa composto, sobretudo este último, pois a percepção do outro, paradoxalmente, no mapa composto, é inestimável fonte de autoconhecimento, direção clínica que é tarefa do astrólogo. Assim, cabe ao astrólogo clinicar (latu sensu) e informar, ouso afirmar, educar. E educar na prática clínica privada e na via pública. Considero que a astrologia ainda é uma coisa muito distante das pessoas comuns, como foi para mim há alguns anos, como talvez seja para você leitor, ainda muito permeada por significados equivocados.

É importante buscar ajuda quando a dor é muito grande, muito forte, para poder transformá-la em sábio sofrimento e vital alegria. É nefasto evitar a dor.

Estas considerações breves eu aplico à clínica psicanalítica. Na tradição psicanalítica o inconsciente está escondido. O sujeito da consciência não reconhece a dimensão inconsciente em si mesmo e na própria biografia cotidiana. Acolhimento, solidadiedade, um trabalho privativo, artesanal, absolutamente pessoal e singular, o profundo respeito pela pessoa que busca o psicanalista, são atributos essenciais de um psicanalista. Além de padecer da própria psicanálise eu afirmo que é o fruto de sua psicanálise, aliado ao fruto de sua pesquisa e estudo sistemáticos, de uma interlocução criativa com seus pares e com outros campos do saber e da obra realizada em si mesmo com a própria dor, o que pode constituir o ato psicanalítico básico de interpretação do sujeito do inconsciente, uma possibilidade para o paciente psicanalítico transformar seu viver, transformar fel em mel.

É trágico constatar que consulta-se um computador, o horóscopo banalizado e não um astrólogo. Apenas o astrólogo está capacitado para interpretar o mapa astrológico. Apenas o psicanalista está capacitado para interpretar determinadas dimensões do real desejo humano. Astrologia e psicanálise se complementam, constatação que realizei há alguns anos e que tento compartilhar agora e na ágora, ágora virtual e não-virtual.

Transformar fel em mel não é algo exotérico: é esotérico, ou seja, está ao alcance de qualquer pessoa que busque o autoconhecimento, que queira perceber o auto-engano, que precise fazer do pior de si mesmo o melhor para o mundo.

Walter Luis Bastos Doege
Médico, psiquiatra, psicanalista e astrólogo amador.

Texto revisado por Cris

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