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MELANCOLIA COMO AVISO/O PRINCÍPIO DO PRAZER (parte 1)

Atualizado dia 6/15/2009 1:07:09 AM em Autoconhecimento
por Lucya Vervloet


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Há tempos que essa energia anda a me rondar, ausentando-me do aqui agora e tentando levar-me a divagar, a abstrair um pouco do cotidiano massacrante, das mesmices e tolices, e das mediocridades da vida humana. Uma canseira me bate e uma tristeza me invade a ponto de levar-me a sentar onde me encontrasse e tudo então parecia cinza. Poderia continuar ali e naquela posição por uma infinidade de tempo e nada faria falta; tudo estaria completo e no seu devido lugar, e eu, em paz. Mas, como a ação mais uma vez nos chama e nos traz de volta ao real e suas absurdas criações, lentamente e com muita má vontade retorno às obrigações com a família, o animalzinho de estimação, os estudos e com a prática espiritual.
O desejo de transcender os fenômenos ilusórios da mente tornou-se potente; numa escala de 1 a 10, 9, 5 pode ser a marca que chacoalha no meu cérebro, noite e dia, dia e noite, sem tréguas. Mas, parece-me que não fui muito longe, ainda continua sendo um desejo. Quem sabe uma hora, assim distraidamente, observando ingenuamente uma pequena gota de chuva que se condensa ao cair na grama do jardim do vizinho, eu não receba a graça de ter a mente em pura Luz?Pesquisando na Net encontrei material suficiente para explicar à luz da psicanálise o que ocorre na psique desde que o ”mundo adulto”, sob o comando do alter ego domine a mente, pensamentos e condutas no dia-a-dia. Descolorindo a vida, emudecendo a criatividade, subtraindo a antiga e saudosa alegria da criança interior e a vontade libertária de sonhar, imaginar, visualizar.
O equilíbrio se faz urgente uma vez que pouco ou nada se possa fazer quando as responsabilidades estão relacionadas ao compromisso com os pais na idade mais crítica, dependente e carente de suas vidas adultas. É aí quando a natureza nos testa e nos obriga a tornarmo-nos pais de nossos pais. Crescemos daí, ninguém mais é por nós e nós seremos por todos! Confesso que uma sensação de impotência e melancolia bate à porta do coração e demanda buscarmos forças de onde menos pensávamos obter. Então, o jogo recomeça a ficar interessante, até que... Alguns venenos da mente insistem em “martelar”: Porque você não larga tudo? A vida é curta. Você precisa se realizar, está ficando mais velha a cada dia!
O que fazer, perguntamo-nos? Colocá-los numa clínica de repouso, longe de nossos olhos para que soframos menos? Nome sutil para asilo de velhos. Deixá-los com empregados em quem raramente confiamos? Parentes que na menor dificuldade os trazem de volta da viagem dizendo: “Toma que é sua”? Rezar para que passe logo e que a antiga liberdade retorne à sua velha alma cansada de fazer concessões? Negligenciar e depois morrer de culpa e remorso? Sei que existem bons locais de abrigo para idosos, onde eles se sentem incluídos, úteis e até inteiros, mas e o apego? Quem nos ensinou o desapego após vários anos de convivência, amor e admiração? Como continuar se não terminarmos o que “deve” ser feito e com muito amor, paciência e dedicação? Gaston Bachelard, em seu ensaio "Os devaneios voltados para a infância", fala-nos que permanece um núcleo de infância na alma humana, “uma infância imóvel, mas sempre viva, fora da história, oculta para os outros, disfarçada em história quando a contamos, mas que só tem um ser real nos seus instantes de iluminação.” (1988, p.94). Assim, acontecimentos e valores que emolduram nosso presente de pessoas adultas manteriam contato com aquela fase na qual podíamos assumir variadas facetas comportamentais, antes dos fragmentos existenciais serem forçados a ficar coesos e exclusivos em torno de uma forma singular que pensamos ser nossa pessoalidade única.
Continuando, poderíamos, pois, perceber a melancolia do adulto e a conseqüente evasão espaço-temporal para a infância, como sinais de um redimensionamento de nossas crenças quando há fixidez de um quadro de evolução. A melancolia, sensação de perda de algo que não se sabe ao certo o que é, indicaria um ponto de convívio natural entre o princípio de prazer e o princípio do real. A criança não estaria inativa em algum recôndito secreto do adulto (assim com a divindade) e, sim, estaria agindo plenamente no adulto, possibilitando o livre curso de fantasias e ambigüidades afetivas que são necessárias para sua real compleição de sujeito transposicional. A criança viva, que não pode ser morta sem gerar o colapso final na psique, recoloca o sujeito adulto no limiar de variadas escolhas que não trarão um produto final, como seria aquele da fase de maturidade pessoal definitiva. Assim, um entrecruzar de infantilidade e de comportamento adulto seria o campo de respostas para o sinal alerta que, por vezes, soa no adulto pela melancolia e pelo sentimento de solidão.
Este texto reporta-me mais e mais às várias ocasiões no passado recente onde todas essas sensações foram vivenciadas e que o foco essencial de minha mente, insistentemente indicava para a solução de todas as dores emocionais, a mudança para o local onde tudo começou: Brasília. No entanto, pelas tentativas do passado e pelos ensinamentos de várias linhas espiritualistas, incluindo a Bíblia, fez-me perceber que “para onde eu for, carrego minha casa”. Mudam os ambientes, pessoas e cores, mas e os meus padrões emocionais não trabalhados e devidamente curados e incorporados?
Sem falar na saudade de quem possua um Sol de casa doze na carta natal. No grande anseio por preenchimento, luz e autorealização espiritual. Por um completo arrebatamento cósmico, numa solvência do self e por um transbordamento de felicidade e lucidez. Mas, isso pode ser tema de um outro artigo.
Tal como Bachelard nos orienta, melancolia, solidão e devaneios formam condições nas quais podemos ver novamente o clarão da eternidade baixando sobre a beleza do mundo. O mundo da infância, liberto no mundo do adulto que passa a ser enriquecido por contradições, ambigüidades, vontades de ações ilimitadas e, até mesmo, fantasias de onipotência criativa.
Ainda Bachelard: nesse contexto de desligamento que o estado de infância possibilita no mundo adulto não teríamos a necessidade de reunir, sob uma série de coerções, todos os nomes e pessoas inventadas e vivenciadas em nosso fórum íntimo, em uma unidade positivista de personalidade previsível. O controle de algum rei, célere em nos avisar que a hora de diversão, peraltices e prazeres autotélicos acabou, atenuar-se-ia, e a criança poderia andar de mãos dadas com o adulto.
A carta XIX do tarô, o Sol, é representado por duas crianças que brincam despreocupadamente, deixando sua luz e espontaneidade brilharem. Estão no centro da mandala zodiacal onde todos os signos estão presentes. Um grande sol central amarelo e vermelho brilha no centro da carta emitindo luz, calor, amizade e consciência do próprio valor. Então, não estamos no ano do Sol? Porque não deixarmos brilhar nossas personalidades e talentos? O medo de ser brilhante, ser invejado, antipatizado ou não muito “amado”, em 2009, e se mantivermos a devida conexão com o Sol maior do Eu Superior, poderemos jogar por terra todo esse temor arraigado em nossa “criancinha”. E doarmos, apresentarmos e até cobrarmos por tudo o que tivermos a oferecer ao mundo.
Muita luz, irmãos, e sem medo de brilhar, MERECEMOS!



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Conteúdo desenvolvido por: Lucya Vervloet   
Astrologia (básico na Regulus/SP) e autodidata. Participei de workshops de Runas, Tarot místico/terapêutico com Veet Pramad. Estudei Numerologia e quirologia. Iniciei-me na energia Reiki. Estudei 12 meses do Curso de Psicanálise/ES. Com uma visão universalista da vida dediquei-me ao aprendizado de idiomas e culturas estrangeiras.
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