Não adianta culpar os outros
Autor Paulo Tavarez
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 5/7/2025 6:49:11 AM
A primeira coisa que qualquer pessoa interessada em transformar a própria realidade deve considerar - e se esforçar para compreender - é que o único responsável por todo o seu sofrimento é ela mesma. Não há culpados externos: nenhuma pessoa, situação ou condição pode ser responsabilizada pelas nossas mazelas. Toda a responsabilidade é nossa. Não adianta culpar os pais, o cônjuge, o governo, a polícia, os políticos, o patrão ou qualquer outra instituição opressora. Tudo começa e termina dentro de nós.
O mundo é feito apenas de informações. Quem transforma essas informações em problemas é o ego, pois é ele quem se apresenta como o processador da realidade. No entanto, o ego é apenas um construto mental, formado por crenças, desejos e medos. Ele nos escraviza ao criar inúmeras necessidades ilusórias.
O indivíduo deveria se posicionar como espectador da existência, mas escolhe participar das tramas como ator, construindo enredos dramáticos que, frequentemente, culminam em desequilíbrio. Não percebe que é ele quem está problematizando os eventos e, por isso, vive colhendo os infortúnios e dissabores causados por essa contaminação emocional da realidade.
O Universo participa do nosso alinhamento com a realidade por meio da dor. A dor é um mecanismo natural que atua na interface corpo-mente e colabora com o despertar da consciência. Somos regidos por Leis Universais, entre elas, a Lei do Carma, que se manifesta nas vicissitudes da vida - nos altos e baixos enfrentados por todos. Essas leis nos colocam à prova de acordo com as necessidades evolutivas de cada um. Não há erros nem injustiças: tudo o que acontece é necessário. Não adianta culpar o enfermeiro pelo remédio amargo - é ele que trará a cura.
O ego influencia diretamente nossa forma de interpretar a realidade. Quando deixamos que ele assuma o comando, passamos a responsabilizar os outros pelas experiências que a vida nos proporciona. No entanto, todas essas dificuldades são oportunidades de aprendizado. Elas revelam conteúdos desajustados que vibram no inconsciente e que precisam ser integrados ou dissolvidos.
A vida na Terra é feita de desafios, porque há demandas internas que exigem atenção. O sofrimento persiste até que os padrões emocionais negativos sejam compreendidos e superados. Em essência, sofremos para aprender a não criar mais sofrimento.
Aquele vizinho "chato" pode não ser incômodo para os outros. Aquele chefe "insuportável" pode ser admirado por outros funcionários. Aquilo que nos incomoda serve apenas para apontar nossas limitações e revelar nossos pontos frágeis. Acredite: se o mundo é maravilhoso para você, é porque você está em harmonia. E o contrário também é verdadeiro.
A psicologia estuda os aspectos fenomenológicos da relação do ser humano com o mundo e entende que a mudança precisa acontecer na raiz emocional dos condicionamentos. São esses condicionamentos que dificultam o relacionamento saudável com a realidade.
Dois namorados assistindo ao mesmo filme de terror podem ter reações completamente distintas. Um pode se abalar profundamente, enquanto o outro não sente nada. O filme é o mesmo - a diferença está nos recursos emocionais de cada um. A vida, por sua vez, se encarrega de criar, por meio de leis naturais, os meios para que cada indivíduo desenvolva esses recursos através de desafios e superações.
Tudo o que acontece reflete a Inteligência Universal - concorde você ou não. Não há vítimas nem injustiçados. Nenhuma ovelha se perde. A dinâmica do Universo é misericordiosa, justa, amorosa e perfeita. Se você ainda não compreende isso e acredita no contrário, é sinal de que ainda está nos estágios iniciais da jornada de amadurecimento espiritual. O copo sempre terá a mesma quantidade de água - cabe a você decidir se ele está meio cheio ou meio vazio.
Os olhos são a lâmpada do corpo: quem tem bons olhos, terá o corpo iluminado. É preciso aprender essa verdade. Não podemos mais fingir que esses ensinamentos não foram dados. Por que continuar alimentando o vitimismo, o coitadismo, as crenças equivocadas?
Chegou a hora de adotarmos o princípio da responsabilidade e promovermos as mudanças necessárias dentro de nós. Só assim deixaremos de viver problematizando tudo e, finalmente, poderemos experimentar a paz que nasce da consciência desperta.
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