Quem é esse que busca a graça?



Autor Paulo Tavarez
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 8/25/2025 9:04:50 AM
Embora você já compreenda que o sofrimento é uma ilusão da mente, e embora sua visão espiritual tenha se ampliado, ainda se pergunta: "Por que não consigo viver a graça?"
A verdade é que a graça nunca esteve ausente. O que a separa de você não é distância, mas a crença de que há alguém - um "eu" individual - que precisa alcançá-la. Esse é o ponto onde Ramana Maharshi lhe convidaria a voltar-se para dentro e perguntar: "Quem é esse que busca a graça?"
Se você seguir essa pergunta até o fim, verá que aquele que busca desaparece, e só o Ser permanece. A graça não pode ser encontrada fora do Ser que você já é. Enquanto você se vê como pessoa, com sua história, seus desejos e suas limitações, a graça parece algo a ser conquistado. Mas quando repousa no coração da pergunta "Quem sou eu?", descobre que não há buscador - só a própria presença silenciosa, que é graça em si mesma.
Nisargadatta Maharaj apontaria na mesma direção, mas com outras palavras: "Você não é a pessoa que sofre, nem aquele que busca. Você é a consciência na qual tudo aparece."
O sofrimento é apenas uma nuvem no céu da consciência, não é você. A busca pela graça também é um movimento dessa mesma mente que se acredita separada. Mas a consciência - o que você verdadeiramente é - nunca se moveu, nunca faltou. Ela é pura, inteira, intocada.
Por isso, quando você se pergunta por que não alcança a graça, na verdade está se confundindo com a personagem que nunca poderá obtê-la. A graça não é para o ego. A graça é o reconhecimento de que você nunca foi o ego.
Veja como o paradoxo se dissolve: quanto mais você corre atrás da graça, mais distante ela parece; quanto mais solta, mais percebe que ela já estava aqui. É como procurar a luz com uma lanterna, sem perceber que a própria luz da lanterna é aquilo que ilumina.
A graça não é um estado especial, nem um êxtase permanente. É a sua natureza. Está no silêncio entre dois pensamentos, na paz que permanece mesmo quando a mente se agita, na presença que observa sem se envolver.
Você pode reconhecer isso agora mesmo. Feche os olhos por um instante e volte-se para dentro. Pergunte: "Quem é que busca a graça?"
Ao olhar diretamente para esse "eu", ele se dissolve. O buscador some, e o que permanece é o Ser - consciência pura, sem esforço. Essa é a graça.
Nisargadatta diria: "Permaneça como o que você é. Não se identifique com o corpo, nem com a mente, nem com as circunstâncias. Você é o espaço onde tudo aparece."
E Ramana completaria: "A graça está sempre presente. Ela é a própria natureza do Ser. O que a impede de ser percebida é apenas o apego à ideia de um 'eu' separado."
Portanto, não se culpe por sentir que ainda não vive a graça. Apenas reconheça que quem sente isso é o ego, e o ego nunca será agraciado. Mas você, como Ser, como consciência pura, já é graça. Não precisa alcançá-la - só repousar nela.
Quando você parar de correr, verá que nunca saiu do lugar. Quando deixar de buscar, descobrirá que sempre foi o buscado.
A graça não é algo que um dia virá. Ela é o que você é.
Autor Paulo Tavarez Conheça meu artigos: Terapeuta Holístico, Palestrante, Instrutor de Yoga, Pesquisador, escritor, nada disso me define. Eu sou o que Eu sou! Whatsapp (para mensagens): 11-94074-1972 E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |





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