SAUDADE um momento DIVINO. parte 1.
Atualizado dia 8/20/2007 5:19:48 PM em Autoconhecimentopor Vicki Yvi
Hoje mergulhei em minhas lembranças... algumas boas, outras nem tanto. Surgiram sentimentos que fui amorosamente cuidando, como uma expectadora, sem querer resolver nada e sem nenhuma resistência. Percebi que em minha simples e humilde verdade, eu procurava algo especial e importante. Procurei em meu passado, um sentimento que pudesse acalentar uma dor, certo desconforto, mediante tantos sofrimentos, pois hoje faz um mês (tempo no plano físico), que o fatídico acidente de avião ocorreu em São Paulo.
Desejei ardentemente ter o dom e o poder de acessar a fórmula ideal para amenizar, diminuir, e até mesmo anestesiar sofrimentos. Dividir com cada um esse néctar, que resolve tudo e tudo sabe o que é e como resolver.
Sentimos saudades de momentos que fomos felizes. Se dói, é a saudade de algo que não temos mais.A dor é a certeza da ausência e são tantas as saudades, são tantas dores. Nesta procura, senti saudade do que nem eu mesma sabia que tinha: saudade envolta de uma dor gostosa... seria a saudade saudável? Saudade curativa?
E porque não dizer: saudade um momento divino!
Vi minha filha pequena, sua carinha sapeca, de quem acabou de fazer arte, e realmente tinha feito mesmo, no auge de sua irritação ao fazer a lição de casa, cortou toda a toalha da mesa, dizendo para quem quisesse escutar que estava muito nervosa. Nossa! Lembro meu semblante surpreso, interrogativo, procurando forças para repreendê-la sem cair na risada. A quem teria puxado essa menina?
Perguntava-me olhando a pobre toalha.
Imagens de minha infância invadiram-me: vi meus pais, tios(as), primos(as), avós e minha irmã. Hum... Que saudades de tudo e de todos, que gostosa saudade de minha irmã. Quantas brigas intermináveis, sua fragilidade, como eu não gostava de brincar com ela, ter que cuidá-la por ser a mais velha e como sempre se machucava, sempre sobrava pra mim.
Ah!... Com certeza, minha filha se parece com minha irmã - o bico e o nervozinho são idênticos. Sorrindo, vejo como as coisas mudam, hoje adoraria brincar todos os dias, mas moramos em estados diferentes, e brigamos, mas com as dificuldades que enfrentamos para nos vermos.
Explicitamente essa é a dor da saudade boa de sentir.
Lembro-me de como era bom dormir de mãos dadas nas noites que eu tinha medo (confesso, também era frágil), comermos berinjela à milanesa e quindão (delícias que nossa mãe eximiamente fazia), passar férias na casa de nossa tia onde brincávamos com nossos primos, soltar pipa, andar de bicicleta, jogar bola e, claro, comer o delicioso frango com polenta que só ela (nossa tia) sabia fazer.
Nossos amores, ou de certo amor da época da escola, do cachorro quente vendido na porta do colégio, da alegria de jogar no time principal (ser da turma de treinamento, era o máximo!), das confusões que quando víamos já estávamos dentro, de cabular aulas, pular muros, dos segredos e dúvidas, dos sonhos, dos desejos mais secretos e super hiper proibidos, do brigadeiro ainda quente que comíamos de colher, do cheiro embriagador das rosquinhas de pinga que nossa querida avó assava, do respeito a um simples olhar de nosso pai, das amigas(os) que nunca mais tivemos notícias e, principalmente, de nossos medos.
Sim eram vários, e hoje, será que não existem?
Será que foram substituídos por novos medos, por termos novas situações?
Sim, confirmamos a sina humana onde tudo muda, transforma-se, mas nem sempre pra melhor.
Crescemos, ou melhor, ela cresceu (de frágil nada tem), transformou-se em uma bela mulher, decidida, forte, competente, com ótimo “humor” e muito responsável.
Invade-me agora medos, sinto-os profundamente mesclados à dor. Com tristeza, penso que poderia ter perdido minha família, minha irmã, meu pai, minha filha, minha neta ou ainda, minha família ter me perdido, nessa inadmissível, mas não imprevista queda de avião.
Digo e reforço, deixando claro, que apesar de hoje o caos aéreo estar há algum tempo em evidência, temos o caos no sistema de saúde, educação, segurança, meio ambiente e outros.
Em meio a lágrimas, fui substituindo sentimentos, devolvendo a todo ser imerso na dor da perda, os meus mais elevados pensamentos de amor e de coragem para continuar.
Substituindo com solidariedade, todos os medos densos, cinzas, carregados de dúvidas, questionamentos e amarguras.
Humildemente, agradeci por encontrar o que procurava nesta viagem ao meu passado, pois a Solidariedade, é a palavra, pensamento e ação mágica, que traduz o puro sentimento de união que a tudo vence.
É grande e surpreendente nossa capacidade de superação, sublime a de sobrevivência e incalculável a de amar.
O amor mesmo na dor, coloca-nos em condições de termos forças, impulsionando-nos a agir, abrindo nossos corações e mentes para um forte doar.
Entendendo que nada acontece por acaso e este aprendizado na dor não é e nem será em vão, pois nosso Lar Terra passa por um período de grande diferencial, onde o Plano Espiritual atua direto e decididamente sobre o Plano Físico.
Trazendo-nos orientações e conhecimentos, dando-nos concientização e ancoramento para as transmutações necessárias e alinhamento geral de toda a humanidade.
Assim preparamo-nos para abraçar e vivenciar o objetivo maior, que os Mestres (da Fraternidade Branca) conhecem e servem, nosso Despertar.
continua... parte 2.
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