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Um profundo sentimento de incômodo

Atualizado dia 4/11/2015 4:18:22 PM em Autoconhecimento
por Adriana Garibaldi


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Num processo de despertar, seremos induzidos a vivenciar uma profunda insatisfação com a vida que levamos.
É verdade que esse estado muitas vezes pode ser confundido com depressão; contudo, faz-se necessário constatar a diferença entre depressão e aquilo que São João da Cruz denominou como “A noite escura da alma”. Questão que se desenrola portas adentro do espírito, onde um sentimento de intenso incômodo com a própria vida nos incita a uma mudança substancial e profunda dentro de nós, não porque estejamos procurando a dor como uma busca premeditada, autopunitiva ou alguma forma mascarada de masoquismo, mesmo porque é a alma que governa todo o processo apontando a substituição de paradigmas, promovendo um interno despertar.

Não raro, seremos lançados num turbilhão de contrariedades onde o autoenfrentamento precisa ser olhado sem inibições, nem temores, afastando-nos das ilusões que cultivamos por longo tempo. Ilusões, diga-se de passagem, às vezes necessárias à sobrevivência e ajuste de nossa mente ao mundo da materialidade que, em realidade, não representa a nossa verdadeira vida, que é a vida do espírito.
Precisamos reconhecer que não somos um corpo que possui um espírito, mas espíritos imortais, estagiando temporariamente numa experiência material.
Nascemos desprovidos desses laços com a realidade material e anos a fio nos esforçamos para nos acomodarmos a ela de várias e inúmeras maneiras para ajustar-nos a realidade quotidiana e aos modelos que governam esse mundo ilusório em que vivemos.

Para o espírito é quase como uma morte lenta, um mergulhar progressivo, já que quando crianças pairamos entre dois mundos, ora do lado de lá, ora do lado de cá.
Sabe-se que nosso espírito encontrar-se-á totalmente encarnado por volta dos vinte e poucos anos de idade. Daí para frente, acabamos nos aprofundando mais e mais nos vínculos físicos, esquecendo-nos ao mesmo tempo da nossa conexão espiritual, principalmente, se não existir a determinação necessária para efetivamente nos trabalhar no fortalecimento dos laços espirituais. A vida na matéria nos condiciona a um tipo de cegueira que costuma nos distanciar da nossa origem, esquecidos, muitas vezes, dos propósitos da nossa alma.

Entretanto, chega uma hora em que o retorno ao Ser se faz necessário e a vida, mais dia, menos dia, nos forçará a isso.
Na maioria das vezes, a dor desse processo é profundo, sendo constrangidos a enfrentar a morte das ilusões criadas e recriadas durante os longos anos de exílio no mundo material.
A desesperança com o futuro, com as coisas e ideais que fizeram sentido no passado, já não fazem mais. É marcante. Aquilo que ficamos anos a fio buscando e desejando começa a carecer de significado.
Um momento em que um grande vazio se insinua e acabamos questionando cada um dos valores que foram aprendidos e incorporados como sendo reais e imutáveis.
A constatação de estarmos habitando uma realidade fictícia produz um verdadeiro incômodo.

Observamos que as lutas e cicatrizes que carregamos servem somente para reconhecer a premente necessidade de retornarmos à nossa condição de pureza original, como aquela que tínhamos ao nascer. Um retorno que fica ainda mais sofrido quanto maior for a identificação com o mundo da matéria e seus atrativos.
Como Jesus o Cristo exemplificou perfeitamente numa única frase: precisamos voltar a ser como crianças se quisermos entrar no reino dos céus.

Voltarmos a ser crianças representa nos autorresgatar do apego à matéria para voltarmos ao espírito, numa condição de total pureza.
Como percorrermos esse caminho de forma consciente, para não sermos pegos na armadilha da contradição? Mesmo sabendo que em algum ponto a contradição tem um caráter educativo e até esperado?

Como sairmos ilesos da nossa “Noite escura da alma”?
Porque, afinal, o propósito desse processo não é nossa destruição, nem sugerir-nos um total abandono que caracterizaria um suicídio lento.
Acredito que o primeiro passo será não termos medo de nos autoexplorar, enxergando a nosso sombra sem temê-la, sem desespero.
A dor será mais suportável quando identificarmos os principais pontos neufrálgicos que nos mantém presos a nossas neuroses e conflitos, com os quais precisaremos lidar, até nos libertarmos do cárcere onde fomos nos aprisionando.

O ser pode sofrer modificação. Não há necessidade de esperar por vidas infinitas para chegar à Iluminação.

Tudo fica claro e uma luz subitamente brilha. Quando nos abrimos a esse processo de individuação, começamos a compreender nosso passado com total clareza e a enxergar nosso futuro sem medo e com absoluta entrega.

É como se de repente uma luz adentrasse num recinto escuro e o iluminasse completamente.

Desse modo, se a "Noite escura da alma" se tornar excessivamente tenebrosa, não sucumbamos ao desespero, sabendo que quanto mais escura a noite, mais claro será o dia seguinte.

“Tudo tem fluxo e refluxo; tudo tem suas marés; tudo sobe e desce; tudo se manifesta por oscilações compensadas; a medida do movimento à direita é a medida do movimento à esquerda; o ritmo é a compensação”. – O Caibalion

A "Noite escura da alma" é um processo que pode se repetir muitas vezes, como ciclos de abertura e fechamento, morte e renascimento que nos conduzirá em algum momento à total libertação.

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