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A descoberta de um talento

Atualizado dia 1/9/2014 2:52:05 PM em Corpo e Mente
por Irlei Wiesel


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Quinze anos atrás, assistia ao pôr do sol da janela do meu consultório terapêutico. Minha mente estava sobrecarregada. Ouvira durante todo o dia as dores emocionais dos clientes. Estávamos na primavera, e eu me sentia feliz pelo cenário que prendia meu olhar. Virei minha cadeira para o outro lado da mesa, para apreciar o encanto da natureza.
Lembro-me de que sorria emocionada. O céu estava brincando com cores divinas. Relaxei meu corpo cansado no encosto da cadeira e minha mão insistia em brincar com uma caneta perdida sobre a mesa. Meus olhos fitavam o céu e minha mão brincava com a caneta. Havia um livro do Paulo Coelho na mesa, desejando a minha atenção. A contracapa exibia uma foto enorme do autor. Era como se ele gritasse por atenção, mas eu estava ocupadíssima com a janela que exibia um cenário de paz e quietude. Eu merecia um tempo só para mim. Porém, minha mão, que brincava com a caneta, aos poucos se movia sobre um papel. Palavras... Frases... Parágrafos... Meus olhos rodopiavam. Ora olhavam o pôr do sol, ora olhavam para os olhos daquele escritor de sucesso, ora olhavam para o papel que já estava preenchido por ideias que borbulhavam na minha mente.

Estranhamente, iniciou-se um movimento de criação pelo uso da palavra, que eu desconhecia. O céu escureceu, e eu me iluminei! A noite substituiu o dia, e eu substitui minhas costumeiras tarefas após o expediente para olhar o olhar daquele autor e oferecer papel e mais papel às minhas mãos. E assim aconteceu, em um dia qualquer, diante de uma janela, um olhar convidativo, eu abri espaço para um talento que desconhecia em mim. Meses depois de ter escrito vários artigos, uma voz tímida sussurra:

– Que tal escrever um livro?
Logo percebi que era um desejo meu aflorando, e a voz era de fato minha. Despertou em mim uma energia nova e sempre que a agenda permitia, eu me lançava na escrita. O prazer era tanto que esquecia a vida. Minha concentração era tamanha que mal ouvia minha secretária batendo à porta, trazendo-me para a realidade.

O consultório passou a ser um laboratório para inspirar meus escritos. As pessoas traziam conteúdos tão enigmáticos, emoções tão emaranhadas, vidas tão sofridas, caminhos tão confusos, lágrimas tão verdadeiras, dores tão apertadas, feridas tão abertas, desejos tão sufocados, sonhos tão amarelados, relações tão corroídas, que eu escrevia para transferir ao papel o que não cabia no meu mundo. O consultório, a janela, o olhar de Paulo Coelho, o silêncio do final da tarde, a solidão da noite, naquele quinto andar da Rua do Acampamento, Ed. das Clínicas, em Santa Maria, no RS, e a mão direita escrevendo enquanto a esquerda oferecia papéis. Lá, em silêncio, eu iniciei o meu jeito escritora de ser.

Neste ofício eu sou cautelosa e tímida. Escrevo para expressar, não tenho a pretensão de agradar, pois o processo é meu, nasce da minha observação da realidade, são palavras que se grudam umas às outras.
Não impeço a expressão do pensamento, ao contrário, eu abro espaço para ele. Meu tempo é oferecido para que as palavras encontrem um papel. Quando olho e dou por mim, lá está um artigo, um livro em andamento, uma frase inspiradora e muito mais. O tempo passou, mas minha inspiração é a mesma.
O processo é sempre igual. Fico intranquila e sinto que devo sentar-me em algum lugar calmo, abrir o computador, acessar o Word e esperar uns dois minutinhos. Pronto. É o que basta para os dedos teclarem freneticamente ao som do silêncio.
Sinto que é a contribuição que faço para alguém, em algum lugar. Sabe como é, as palavras empregadas positivamente inspiram grandes mudanças.

Segundo o meu guru inspirador, somos como borboleta, pois, assim como ela, estamos sempre em algum estágio de atividade:

– Podemos estar no primeiro estágio, onde a ideia nasce, mas ainda não é uma realidade, é o estágio do ovo, o ponto de criação de uma ideia;
– O segundo estágio, o da larva, é onde temos de tomar uma decisão;
– O terceiro estágio, o do casulo, é o desenvolvimento do projeto, é fazer para realizar;
– E o estágio final, o da transformação, é deixar o casulo voar , é a realização.

Passei por todo o processo. Quinze anos depois, cheguei ao estágio da transformação. Nasce o meu primeiro livro-solo, publicado pela Editora Imprensa Livre. Confira: Cure-se antes que você adoeça!

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Conteúdo desenvolvido por: Irlei Wiesel   
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