A prosperidade que habita em mim




Autor Paulo Tavarez
Assunto EspiritualidadeAtualizado em 5/26/2025 6:48:43 AM
"Buscai primeiro o Reino de Deus e sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas."Por muito tempo, eu acreditei que seguir um caminho espiritual significava, necessariamente, abrir mão do conforto material. Cresci ouvindo que dinheiro era algo impuro, sujo, que levava à perdição. E, confesso, carreguei por anos esse peso, essa culpa, essa ideia de que prosperar financeiramente era, de algum modo, me afastar de Deus, da Fonte, da Verdade.
- Mateus 6:33
Mas algo dentro de mim sempre questionou isso. Havia uma inquietação, um chamado sutil - como um sussurro - dizendo que talvez essa não fosse toda a verdade.
Ao aprofundar meu caminho, comecei a perceber que Jesus nunca foi, de fato, contra a prosperidade. Suas palavras eram - e são - um convite constante à liberdade. Não à prisão do dinheiro, tampouco à prisão da escassez. Mas sim, à libertação de todo e qualquer apego, de toda ilusão.
Quando ele disse que não podemos servir a dois senhores - Deus e as riquezas - eu compreendi que o problema não está no dinheiro em si, mas na relação que estabelecemos com ele. O dinheiro, assim como qualquer outra energia neste mundo, é neutro. É uma ferramenta. Ele apenas amplifica aquilo que já habita dentro de mim.
Se estou no medo, na escassez, na ilusão de separação, o dinheiro vira ansiedade, controle, sofrimento. Mas se estou na presença, na consciência, no amor, ele se torna recurso para nutrir a vida, para servir, para expandir beleza, cuidado e harmonia no mundo.
Olhando os ensinamentos do Tao, vejo o mesmo princípio. Quando solto o controle, quando deixo de resistir, a vida flui. A água não luta para descer a montanha, ela simplesmente se permite ser água - e, assim, chega ao oceano. O Tao é isso: fluir sem esforço, confiar no caminho, viver em harmonia com a própria natureza.
No Budismo, aprendi que o sofrimento surge do apego - tanto ao desejo quanto à aversão. E percebi que não é o dinheiro o problema, mas a dependência psíquica que crio em torno dele. Quando solto essa fixação, a paz surge, naturalmente. E, muitas vezes, junto dela, vêm também os recursos necessários, sem luta, sem desespero.
No Advaita Vedanta, percebi algo ainda mais profundo: que tudo isso - riqueza, pobreza, ganho, perda - são apenas aparências na Consciência. Nada disso me define. A única coisa real é o Ser que Eu Sou. E quando me estabeleço nesse centro, o mundo externo se reorganiza, refletindo esse estado interno de plenitude.
Foi então que compreendi verdadeiramente as palavras de Jesus:
"Buscai primeiro o Reino de Deus e sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas."
O Reino de Deus não está lá fora. Não é um lugar, nem um tempo futuro. O Reino está aqui, agora, dentro de mim, quando me alinho com a Verdade, quando reconheço que Eu e o Pai somos Um. E é nesse estado de unidade, de conexão com o Todo, que a verdadeira prosperidade se manifesta - não como um acúmulo, não como um fim em si, mas como um reflexo natural da minha harmonia com a vida.
Percebo, hoje, que os extremos que tanto vi no mundo - a negação da matéria ou a busca desenfreada por ela - são frutos da mesma ignorância. São dois lados da mesma moeda da ilusão. A verdadeira liberdade está além disso.
Quando solto a necessidade de controlar, quando deixo de buscar fora aquilo que só pode ser encontrado dentro, a vida começa a fluir de uma maneira quase mágica. As oportunidades aparecem, os recursos chegam, os encontros certos se dão. E não porque eu esteja forçando, mendigando ou barganhando com Deus, mas porque estou simplesmente em harmonia com o fluxo da existência.
Hoje eu compreendo: a verdadeira prosperidade é um estado de ser. É viver no agora, em paz, em confiança, sabendo que nada me falta. E, paradoxalmente, é justamente quando percebo que não preciso de nada, que tudo começa a chegar - no tempo certo, na medida certa.
Não, Jesus nunca foi contra a prosperidade. O que ele ensinou - assim como os mestres do Tao, os budas e os sábios do Vedanta - foi a liberdade. Liberdade do medo. Liberdade do apego. Liberdade da ilusão.
E é dessa liberdade que nasce a verdadeira abundância. Uma abundância que não se mede apenas em números ou bens, mas em paz, em amor, em sentido, em plenitude.
E assim sigo, aprendendo, desaprendendo e, sobretudo, me rendendo - cada vez mais - ao fluxo amoroso da Vida.









Conteúdo desenvolvido pelo Autor Paulo Tavarez Conhe�a meu artigos: Terapeuta Hol�stico, Palestrante, Psicap�metra, Instrutor de Yoga, Pesquisador, escritor, nada disso me define. Eu sou o que Eu sou! Whatsapp (s� para mensagens): 11-94074-1972 E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Espiritualidade clicando aqui. |