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Capítulo 4 (Parte 2)

Atualizado dia 10/1/2010 6:12:48 PM em Espiritualidade
por Satyananda


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Esse homem, chamado Ramana Maharishi, começou a sua vida espiritual aos 18 anos e também de uma forma inusitada, sem nenhum tipo de apelo externo, simplesmente sentiu que a morte estava próxima. Então, sentou no quarto e sentiu o corpo inteiro adormecendo, deitou no chão sabendo que tinha chegado a hora da sua morte. Àquela época, ele tinha 16 para 17 anos, e apagou o corpo inteiro, entrou em um torpor absoluto, sentiu seu coração parando, mas ao mesmo tempo se sentia vivo... e percebeu que a vida de seu corpo dependia de uma vida na qual ele nunca tinha prestado atenção; pois era somente uma sensação de vida, que não dependia do corpo, o corpo apenas estava lá, parado no chão do quarto, inerte, gelando, mas a mesma vida que ele sentia no corpo estava ali, presente, observando toda a situação. E, como em um choque térmico, ele simplesmente voltou ao seu corpo; sentou no chão e resolveu descobrir o que ele havia vindo fazer na Terra, querendo entender que vida é essa, no corpo, que independe do próprio corpo... e mais “quem sou eu, o que sou eu”...
Então, ele voltou para a escola, para a família, agora em silêncio, completamente introspectivo, distante e esses “apagões” passaram a ser corriqueiros, a acontecer de forma ocasional, mas muito próximos uns aos outros, chegando ao ponto de parecer que desmaiava na escola, sentava no quarto e era como se o mundo inteiro desaparecesse.

Até que -segundo essa biografia- um tio conta para ele da existência de um lugar sagrado na Índia chamado Shiruia Mavalaia e de uma montanha sagrada que se chama Arunachala, a luz no alto, sempre acesa, em tradução um pouco simplista dessas palavras em sânscrito.
Ramana simplesmente escreveu uma carta para sua mãe dizendo que estava saindo de casa em uma busca sincera e verdadeira, com o dinheiro da mensalidade de sua escola comprou uma passagem de trem, raspou seu cabelo comprido, jogou suas jóias de brahmani no rio. E caminhou de forma humilde em direção a esse templo no sul da Índia, próximo a Madras... andou, andou, andou e parou na estação anterior, se desfez de suas roupas e caminhou nu até o templo; chegando lá sentou e entrou em meditaçã.
A meditação era tão profunda e intensa que à noite o zelador do templo encontrou aquele menino sentado –nu-, e passou a cuidar de sua alimentação e sua higiene, banhando este adolescente como se fosse uma das estátuas de Shiva, uma das próprias divindades do templo. Depois que se soube da existência desse menino, ele passou a ser procurado –cada vez mais-, por peregrinos, porém, quando ele percebeu que as pessoas estavam se juntando à sua volta, ele resolveu subir a montanha de Arunachala e entrou na caverna de um tigre... e, milagrosamente, ele e o tigre passaram a habitar essa caverna.

O menino passou a viver nessa caverna por longos e longos anos, sendo um dia achado por sua mãe e ao mesmo tempo em que sua mãe o achou nessas condições, ele passou a ser considerado um santo vivo e vários sábios (lá na Índia eles são chamados de Pangitas, panditis, senhores do conhecimento) foram procurá-lo lá em cima para lhe perguntar sobre a natureza de Deus, como encontrá-lo e como viver n’Ele, e Ramana, que depois passou a ser chamado de Maharishi, (grande vidente, título esse dado somente aos homens divinos, também chamados de Baghavan), passou a ser conhecido como Baghavan Ramana Maharishi, simplesmente respondeu que quando alguém quer perceber Deus ou sentir Deus, antes tem que descobrir quem ele é.
Ramana criou um método de olhar simplesmente para o mundo e perguntar-se “quem sou eu”?
É esse “quem sou eu” que é a vida que dá vida ao corpo, esse “quem sou eu” vem junto com um sentimento, o sentimento de “para que sirvo” – “o que eu estou fazendo”?
Qual é a intenção de cada palavra, de cada gesto, qual a intenção da vida se eu não sei quem eu sou, o que eu estou fazendo aqui...
Esse exercício espiritual se chama Vishara, o fato de se perguntar quem nós somos leva a um sentimento, um sentimento real de ser, de estar presente. E nesse momento nós conseguimos ser e ver o que a gente esta sentindo a respeito de nós mesmos: se é o ser, ou se é o ego a mascara, o nome do corpo, nossa identidade pessoal, aquilo que a sociedade ocidental cultua, cultiva e alimenta todos os dias, chamado de personalidade, uma fantasia que depende de tempo, espaço e lugar; que está amarrado a uma estabilidade social para se manter intacta.

No entanto, nesse estado, nesse estudo sobre esse homem sagrado, a situação do Marcio fica ainda pior, porque a visão do Ramana da realidade, era a visão de uma pessoa que já havia sentido, já havia passado pela experiência do que é Deus, de viver em Deus e manter Deus, e essa sensação era muito próxima ao existir entre dois mundos que o Marcio vivia e, de repente, não havia mais a vontade de conversar com ninguém.
O interesse das pessoas era tão superficial que elas não sabiam se o resultado da ação seria alegria, tristeza ou agonia, era como se as pessoas vivessem sem responsabilidade alguma com nada, e principalmente, com elas mesmas.
A chegada do Ramana na vida do Marcio foi decisiva para ele optar por sair do universo social, do convívio das pessoas, já não havia ninguém mais interessante, não havia ninguém que buscasse a sua própria dignidade, já não havia cenário algum no mundo que trouxesse alguma paz, uma paz inteligente. E a paz era norteada exatamente no sentimento de plenitude que apareceu junto ao mendigo, com os cachorros no dia da luz dourada, da luz em volta de todas as pessoas, era só esse sentimento que o Marcio procurava...

A procura de um guru...

Parte 1 (deste 4º Capítulo)

Capítulo 3
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