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Entre o desejo e o prazer - parte 1

Atualizado dia 4/27/2010 10:41:59 PM em Espiritualidade
por Flávio Bastos


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Entre o desejo, que segundo o dicionário "é a vontade de possuir, aspiração ou cobiça", e o prazer, que significa "causar satisfação", existe um vazio teórico e prático ainda não suficientemente explicado pelas ciências do comportamento humano. Neste espaço não preenchido pelo conhecimento científico do psiquismo, o prazer, que é a satisfação - ou realização - de um desejo, ainda não encontrou eco.

Segundo os hindus, o chacra suadhistana, que em sânscrito significa "a morada do prazer" e situa-se abaixo do umbigo, quando em equilíbrio seria responsável por algumas qualidades positivas do homem, como desejo, prazer, emoções, saúde, tolerância. Mas também responsável por algumas qualidades negativas quando em desequilíbrio, como confusão mental, ciúme e problemas sexuais.

Os desejos, na verdade, impulsionam todas as ações da vida e são responsáveis pela sobrevivência do indivíduo, assim como a procura da companhia e do amor na constituição de uma família. O desejo também é o responsável pelo fato da pessoa buscar a sua evolução dentro de seu contexto vital. Se não existisse o desejo, o que impulsionaria a pessoa a fazer qualquer coisa, a ter iniciativa, a buscar o seu crescimento? A vida perderia a graça, o movimento e o sentido.

Conforme Joanna de Ângelis em "Desejo e Prazer", psicografia de Divaldo P. Franco, "o desejo impõe-se como fenômeno biológico, ético e estético, necessitando ser bem administrado em um como no outro caso, a fim de se tornar motivação para o crescimento psicológico e espiritual do ser humano. É natural, portanto, a busca do prazer, esse desejo interior de conseguir o gozo, o bem-estar, que se expressa após a conquista da meta em pauta".

Para Goethe, o desejo constitui uma verdadeira dádiva de Deus para todos quantos se identificam com a vida e que se alegram com o esplendor e a beleza que ela revela. "A vida, em consequência, retribui-o através do amor e da graça", dizia ele.

O LADO SOMBRA DO DESEJO

No entanto, o desejo - e a busca do prazer - possui o seu lado sombrio que foge ao controle da razão como explica Joanna de Ângelis: "Ocorre quando o impulso que se sobrepõe à razão, desarticula os equipamentos delicados da emoção e conduz ao desajuste comportamental, especialmente na área genésica, expressando-se como erotismo, busca sexual para o gozo". Sem entrarmos no mérito moral da questão, observamos aqui o descontrole da razão originado pelo desequilíbrio do chacra suadhistana, que repercute no emocional, e como decorrência, no comportamental do indivíduo.

No psicológico, entre o desejo e o prazer, encontramos algumas explicações na herança atávica relacionada ao pecado como "tentação diabólica", ou à castração punitiva via educação, alimentada pela repressão, auto-repressão e sentimento de culpa geradores de conflitos subjacentes que inibem o estímulo original, ou seja, o desejo.

André Luiz, pela psicografia de Chico Xavier em "Sinal verde", registra que "O campo do desejo, no terreno do espírito, é semelhante ao campo de cultura na gleba do mundo, no qual cada lavrador é livre na sementeira e responsável na colheita". E completa a sua racional análise: Desejo é realização antecipada. Querendo, mentalizamos; mentalizando, agimos; agindo, atraímos; e atraindo, realizamos. Como você pensa, você crê, e como você crê, será. A vida é sempre o resultado de nossa própria escolha. A sentença de Jesus: Procura e achará, equivale a dizer: Encontrará o que deseja".

No raciocínio desta frase crística, segue Emmanuel pelo viés das obsessões em "Examina teu desejo", psicografia de Chico Xavier: "Farás o que desejas, assim sendo, se te relegas à maledicência, em breve te constituirás em veículo dos gênios infelizes que se dedicam à injuria e a crueldade. Se te deténs na caça ao prazer dos sentidos, cedo te converterás no intérprete das inteligências magnetizadas pelos vícios de variada expressão. Se te confias à pretensa superioridade, sob a embriaguez dos valores intelectuais mal aplicados, em pouco tempo te farás em canal de insensatez e desequilíbrio".

Segundo o Budismo e as suas quatro nobres verdades, a primeira nobre verdade é a existência do sofrimento: a segunda é que a causa dele são os três venenos: o desejo, a ignorância e a aversão: e a terceira nobre verdade é que o sofrimento acaba quando eliminamos os três venenos.

O LADO LUZ DO DESEJO

Como registrou Joanna de Ângelis em "Amor, imbatível amor", psicografia de Divaldo P. Franco, "O desejo e o prazer se transformam em alavancas que promovem o indivíduo ou abismos que o devoram. A essência da vida corporal, no entanto, é a conquista de si mesmo, a luta bem direcionada para que se consiga a vitória do Self, a sua harmonia e não apenas o gozo breve, que se transfere de um estágio para outro, sempre mais ansioso e perturbador". E completa: "Em esfera mais elevada, torna-se sentimento graças a conquista de algum ideal, alguma aspiração, anseio por alcançar metas agradáveis e desafiadoras, propensão à realização enobrecedora".

Em "Examina teu desejo", alerta-nos Emmanuel pela psicografia de Chico Xavier: "Se te empenhas na boa vontade para com os semelhantes, imperceptivelmente terás o coração impelido pelos mensageiros do Alto ao serviço que possas desempenhar na construção da felicidade comum". E conclui ao relacionar desejo com autovigilância: "Examina os teus desejos e vigia os próprios pensamentos, porque onde situares o coração aí a vida te aguardará com as asas do bem ou as algemas do mal".

Para o Budismo, os desejos de iluminar, de amar sinceramente, de ter alegrias, de ser feliz, de sentir-se bem, de fazer o bem, entre outros, são bons desejos e não devem ser eliminados, pois na verdade, a transformação interior por intermédio do autoconhecimento, muda os desejos maus em desejos bons.

Continua: Entre o desejo e o prazer - parte 2

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Conteúdo desenvolvido por: Flávio Bastos   
Flavio Bastos é criador intuitivo da Psicoterapia Interdimensional (PI) e psicanalista clínico. Outros cursos: Terapia Regressiva Evolutiva (TRE), Psicoterapia Reencarnacionista e Terapia de Regressão, Capacitação em Dependência Química, Hipnose e Auto-hipnose, e Dimensão Espiritual na Psicologia e Psicoterapia.
E-mail: [email protected] | Mais artigos.

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