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Samadhi - Capítulo 14

Atualizado dia 12/23/2010 12:26:17 PM em Espiritualidade
por Satyananda


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A meditação é um mergulho consciente no silêncio. O corpo se mantém inerte, a respiração baixa a ponto de quase ficar imperceptível, bem como o fluxo mental que, na verdade, é emoção e no dia seguinte se transforma em sentimento... daí a gente carrega essa sensação como se fizesse parte da nossa personalidade. Esse sentimento, mais a atividade mental diária –os nossos pensamentos e as coisas que temos a fazer– e o movimento do corpo, a gente conhece como mente ou alma: o que anima a vida. Essa alma fica exatamente entre o corpo físico e o espírito, que é o ser, imutável, um observador da existência, um observador da vida. Aquele que tudo vê e por nada se abala.

O nosso trabalho na meditação é alcançar o olhar do espírito. Usando um simbolismo simples, essa condição é um olhar de luz, lúcido, transparente. Por conta desse exercício, era preciso silenciar a mente, cortar sua atividade. O nome em sânscrito dessa condição é Sama-dhi ou literalmente “quebra de mente”. Para se viver no mundo, essa ação é necessária porque a mente é o nosso endereço cármico dessa vida. Ela é a sensação da imagem do espelho, a sensação do cotidiano, é ela que deseja o tempo inteiro e, em sua essência, é insaciável. A natureza dela é manter o corpo físico alimentado, o corpo astral desejando, para o ciclo girar, a roda girar: um deseja, o outro se alimenta, um deseja, o outro se alimenta... Nessas condições, os sentidos são insaciáveis, cada vez eles querem algo a mais, maior, que mais os satisfaça. E dentro desse girar de causa e efeito, de vontade e ação, embaixo dessas condições, está a roda do samsara. Uma condição interminável de causa e efeito.

Voltando à meditação, a nossa missão era clara: olhar o mundo sem apego e sem julgamento.
Em casa, para poder me lembrar disso com autenticidade, construí num canto do quarto um altar simples, mas que tinha a memória, que é a natureza de todos os altares, ou um lembrete de tudo aquilo que você precisa fazer para que esse exercício de renúncia absoluta ao seu ego possa ser claro, todos os dias. Lá havia uma foto do Jesus, do Ramana Maharishi e do Buda – Siddarta Gautama.
Meditava o tempo todo, o período livre, andando pelo mundo, caminhava em silêncio, sem nenhum tipo de atitude que não fosse para a felicidade do próximo.
Num determinado dia, meu irmão sentou na minha frente e perguntou:

- Por que você está levando essa vida? Onde você pretende chegar com isso? Qual é o motivo disso tudo?
Olhando para ele, bem dentro de seus olhos, respondi:

- Se a vida for somente o que a gente vive, o que a gente fala, o que a gente acredita de forma pessoal, acho tudo isso uma imensa perda de tempo... pois, quanto mais passa o tempo, mais a gente aprende a viver. Digo viver no sentido “isso é certo, isso é errado” e aí Fernando, somente quando tivermos 80 anos teremos alguma sabedoria! E de repente a vida acaba, simplesmente. Então, como a gente vai conseguir fazer cada dia perfeito hoje? Como trazer o máximo de felicidade, de paz e harmonia, que nossa natureza interior necessita pra se manter presente... Como fazer isso? Como vocês conseguem olhar para o lado e ver pessoas sofrendo, insatisfeitas, caminhando como zumbis, conversando sempre sobre as mesmas velhas e batidas histórias, e se sentir bem com isso? Será que em nenhum momento de sua vida vocês pensaram que tem algo mais? Desculpe-me, mas esse mergulho em mim mesmo é absolutamente necessário para tentar manter a sanidade.

De repente, enquanto o fitava fundo nos olhos, de uma forma que desconhecia, o que aconteceu alí foi único (das outras vezes havia sido de passagem, não tão consciente como agora): um portal se abriu na frente dele. Da mesma forma confusa que você enxerga quando vai desmaiar, olhei dentro de seus olhos e, de repente, um ponto de luz branco, entre eu e ele, transformou-se em uma espiral tripartida que começou a girar no sentido horário.
A partir desse vortex, um universo foi se abrindo e deu logo para perceber que se tratava de um outro local, porque o rosto do meu irmão havia ficado lá atrás... As bordas desse espaço ficaram escuras, o cenário à frente da gente começou a se transformar e abriu-se uma janela circular, muito parecida com aquelas que os chineses colocam em suas portas para fazer a passagem de um lugar a outro.
Do outro lado havia um grupo de homens maltrapilhos, de uma pobreza absoluta, na grama. O que me causou surpresa foi a felicidade deles. Eram pessoas sem nenhum tipo de barreira, agiam como crianças, brincando no início da vida escolar. Todos sorriam, todos estavam relativamente próximos fazendo alguma coisa e prestavam atenção na direção de um homem pequeno, com uma aparência absolutamente austera, que estava lá na frente, também trabalhando e que falava com eles num tom de voz de uma suavidade e doçura indescritíveis, Ele era simplesmente pele e osso, aparentava uma condição muito sofrida, mas ao mesmo tempo muito feliz. Olhava para ele como através de um vidro, mas eu estava lá.

Foi quando, do nada, ele olhou dentro dos meus olhos.
E a partir daquele momento, a vida nunca mais seria a mesma...

...continua na próxima semana

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