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RENOVANDO O GUARDA-ROUPA

Atualizado dia 5/25/2010 10:56:48 AM em Psicologia
por Oliveira Fidelis Filho


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“E não vos conformeis com este século,
mas transformai-vos pela renovação de vossa mente...”

Durante muitos anos fui incomodado por um sonho recorrente. No sonho, encontrava-me sempre com dificuldades de vestir ou de encontrar a roupa para me vestir. Várias vezes, percebia-me praticamente nu ou vestido de forma inadequada para o lugar onde no sonho me encontrava. Tal sonho desapareceu quando percebi o que significava e após tomar algumas decisões.

Mais do que em qualquer outra época, cresce o numero de pessoas desejosas de libertarem-se de crenças, reverem valores, relacionamentos, esvaziarem e renovarem o guarda-roupa. Sentem-se inadequadas com as roupas que vestem ou possuídas de um desejo pueril de ficarem despidas mesmo, de retornarem ao estado de nudez descrito no Mito de Genesis antes da invenção do pecado, da culpa, do julgamento e do medo.

Desde o nascimento, ou da concepção, somos vestidos pelo outro. A maioria dos bebês, já na fase da onipotência, são vestidos do ser da mãe, ou seja, constroem uma essência resultante da transferência de ideais e frustrações da mãe, o que impede o desenvolvimento do Self primário dando lugar ao self secundário. Ou seja, não nos desenvolvemos a partir de nós mesmos e sim a partir do outro, do outro que também vive, mas não existe, pois vive fora de si. Assim o verdadeiro eu dá lugar ao surgimento de um falso eu que crescerá em detrimento de nossa verdadeira essência. O desenvolvimento será então quase sempre reativo, ou seja, a partir da demanda do “gozo” (desejo, carência, expectativa, projeção, alucinação) do outro em detrimento de nossa essência. Também por isso somos tão reativos, estressados e doentes, quer em nível de psique, quer do corpo. As doenças geralmente não passam de sintomas, alarmes disparados denunciando que estamos sendo arrombados, roubados e forçados a carregar na mente e no coração os ladrões de nós mesmos!

O tempo vai passando e as coisas tendem a piorar. Como parte deste “admirável gado novo”, somos alimentados física, intelectual, afetiva e religiosamente por crenças e valores do outro. A verdadeira essência torna-se cada vez menos visível, a não ser nas explosões de ira, nos sonhos recorrentes, nos atos falhos, no transbordamento de tristeza, na opressão da angústia, na falta de conexão e de sentido em relação ao trabalho e aos relacionamentos. Talvez nunca em toda história humana tenhamos vivido tanto em função de sugestões, de crenças e valores externos e também por isso nunca nos sentimos tão perdidos, desconectados de nós mesmos, mergulhados num niilismo sem precedente.

Se você se sente assim perdido, bem-vindo ao clube que possui milhões de sócios que pagam um alto preço para viver embriagados com o gozo do outro, fascinados pela miragem da aparência, bravamente buscando sufocar os gemidos da alma. Necessário se faz limpar o guarda-roupa e sair em busca de vestimentas adequadas ao nosso verdadeiro eu. Tal mudança pode exigir desde pequenos ajustes até monumentais desconstruções que arrancarão de sob nossos pés as entrincheiradas zonas de conforto. A essa altura, a coragem para mudar pode vir desde uma tranqüila e progressiva expansão de consciência até o limite de um insuportável sofrimento.

Necessário se faz seguir o conselho de Jesus, voltar a ser criança. Renascer é preciso!

Chega-se a uma altura da vida em que as folhas com as quais nossa nudez foi arbitrariamente coberta tornam-se ressequidas, expondo aos olhos da consciência expandida os remendos da incoerência. Impossível esconder os fragmentos de um não ser costurado a partir da recorrente e malfadada técnica frankensteiniana. Não é de admirar que caminhemos de forma tão desengonçada, esquiva, destituídos de identidade.

Precisamos do sentimento de nudez que nos permite sermos vestidos por Deus. Sermos cobertos por pele de animal, ou seja, fazermos as pazes com nossa verdadeira natureza. Vestir roupa de pele significa – no Mito da Criação – nos sentirmos cuidados por Deus, reconciliados, aconchegados e protegidos em nós mesmos, em paz com a natureza, interna e externa. Tais vestes são, em todos os sentidos, dádiva de Deus. Resultado de uma consciência expandida que amplia a voz da alma nos espaços vazios do coração, levando-nos a redescobrir o verdadeiro eu que nos religa ao Eu Superior. Permite-nos fazer as pazes com a criança que há em nós, proporcionando o caminhar em novidade de vida ou na vida que, em essência, um dia já foi nossa.
Tal metamorfose tem sua origem no inconformismo face ao casulo, a camisa de força, as couraças imobilizadoras, e no desejo de romper com as formas pensamentos engessantes para alçar vôo rumo a tão sonhada liberdade.
 
 

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Conteúdo desenvolvido por: Oliveira Fidelis Filho   
Teólogo Espiritualista, Psicanalista Integrativo, Administrador,Escritor e Conferencista, Compositor e Cantor.
E-mail: [email protected] | Mais artigos.

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