Carro zero ou carro velho?

Carro zero ou carro velho?

Autor Rodolfo Fonseca

Assunto Autoconhecimento
Atualizado em 27/05/2025 16:04:16


Uma reflexão sobre autoconhecimento e escolhas conscientes

Vivemos tempos onde o marketing, o status e a comparação social estimulam constantemente o consumo. Um dos maiores símbolos desse comportamento é a aquisição do tão desejado carro zero. Mas, será que essa escolha faz sentido para todos? Será que, de fato, é uma decisão racional ou apenas emocional, socialmente induzida?

Este não é um texto contra quem gosta de carros. Pelo contrário eu gosto e sempre gostei. Já tive vários carros e motos, mas aprendi algo fundamental: gosto de carros sim, mas não aceito pagar todos custos absurdamente e impostos extorsivos cobrados pelo governo brasileiro por eles! Talvez, se eu morasse em países como os Estados Unidos, onde os custos de aquisição, impostos e manutenção são muito mais justos, minha escolha seria completamente diferente e muito mais leve.
Mas aqui no Brasil, a matemática é cruel e o carro acaba sendo mais um passivo disfarçado de prazer.

Este artigo não é só sobre carros, mas sobre se questionar, escolher, ter consciência financeira e autoconhecimento.

Ferramenta ou Status? Qual a natureza das coisas

Novamente, eu gosto sim de carros! Gosto de "fuçar" em carros velhinhos, quando posso, e principalmente de entender seu funcionamento mecânico, quando abro um capô de carro e consigo entender quase tudo que está acontecendo ali. Prefiro os com menos sensores, câmeras, opcionais, plásticos, pinturas da moda... mas acho tudo bonito quando vejo e ando nos carros mais novos. Como são confortáveis, né?!

Desde jovem, aprendi a olhar para os bens materiais de uma forma muito clara: são ferramentas a serviço da vida. Um carro pra mim, não é um troféu; é mais um meio de locomoção. Se faz sua função com segurança, eficiência e conforto razoável, ele cumpre seu papel. Simples assim.
Essa visão, no entanto, exige que se silencie o ruído externo e se ouça com profundidade a própria voz interior - aquela que entende que a verdadeira segurança não está no que se ostenta, mas no que se constrói.

Para mim, um carro novo é uma especie de prazer passageiro, pois o foco ainda está em ter patrimônio que gere renda para ajudar minha família a buscar seus sonhos. Mais do que economizar, essa escolha reflete um alinhamento profundo com meus valores. Liberdade financeira para mim significa poder decidir com consciência, sem pressões externas ou modismos.

Para transformar essa reflexão em algo prático, resolvi fazer um exercício numérico muito objetivo, comparando dois cenários:
1) Manter meus veículos atuais, antigos mas todos quitados, com baixo custo anual e uso simples.
2) Trocar eles por um carro zero, seja popular ou médio, com todos seus custos envolvidos.

A) Cenário real: Meu uso diário é leve, manutenção preventiva feita com consciência e moro no interior (o que trás uma série de economias).
Custo total anual de cerca de R$ 7.000 (incluindo IPVA, seguro e manutenção).

B) Exemplos de cenário para Carro Zero, com valores de mercado 2025, à vista:
- Carro popular de R$ 80.000 tem custo anual médio: R$ 28.300.
- Carro médio R$ 150.000 tem custo anual médio: R$ 48.500.
Os custos incluem depreciação, IPVA, seguro e manutenção.

Bom, isso é pensando em comprar o carro a vista, mas que consegue fazer isso hoje no Brasil?

C) Cenário de Financiamento:
Taxa média de financiamento de veículos no Brasil gira entre 1,5% e 2,2% ao mês, dependendo do perfil de crédito e banco. Para ser conservador, vou usar 1,79% ao mês (taxa média nacional de 2025). Isso equivale a 23,6% ao ano, juros compostos. Prazos comuns de 48 a 60 meses. Vou considerar 60 meses (5 anos), que é o mais utilizado.

- Carro Popular de R$ 80.000 financiado num prazo de 60 meses com Taxa de 1,79% ao mês
Parcela aproximada: R$ 2.046/mês
Total pago ao final: R$ 122.760 (Juros de R$ 42.760 isso são +53,45% sobre o valor do carro)

- Carro Médio de R$ 150.000 financiado num Prazo 60 meses com Taxa de 1,79% ao mês
Parcela aproximada: R$ 3.837/mês
Total pago ao final: R$ 230.220 (Juros de R$ 80.220 que são +53,48% sobre o valor do carro)

Mas o que esse dinheiro faz quando está trabalhando pra gente?

Quando não é usado para financiar a aquisição de bens que se desvalorizam, esse mesmo capital se transforma em algo extremamente poderoso: Renda passiva.

Simulando aplicações conservadoras, que rendem na média de 0,8% ao mês (aproximadamente 10% ao ano entre dividendos e juros compostos), ou seja R$ 80.000 investidos são R$ 9.600 por ano de retorno e R$ 150.000 investidos rendem R$ 18.000 por ano.
Ao longo de 5 anos, considerando juros compostos e reinvestimento O carro popular "custa" cerca de R$ 140 mil em perda financeira, enquanto o o carro médio chega a custar R$ 330 mil em oportunidades perdidas.
Nossa, pela primeira vez eu estou torcendo pra que essas contas estejam erradas! :-(

Quando se olha para um carro na garagem, raramente se enxerga o que ele realmente representa:
- Custo de aquisição.
- Desvalorização constante.
- Manutenção, impostos, seguros.
- Custo de oportunidade (o que aquele dinheiro poderia gerar se investido).

Por outro lado, ao priorizar investimentos, esses mesmos recursos se transformam em:
- Tempo livre.
- Renda passiva.
- Liberdade de escolha.
- Segurança financeira.

Quando entendemos isso, deixamos de ser consumidores e passamos a ser construtores. Não de carros, imóveis ou status, mas de uma vida mais livre, coerente e alinhada com o que realmente importa.

Autoconhecimento é o motor das boas decisões

Bom, mas esse não é um artigo sobre finanças, é sobre escolhas conscientes e sobre entender que liberdade não está no consumo, mas na construção de uma vida alinhada aos próprios valores.
Mais do que economizar, minhas escolhas refletem um alinhamento profundo com meus valores. Quando compreendo que não preciso provar nada para ninguém, nem preencher vazios com bens materiais, acesso um estado de paz interior, porque sei que meu patrimônio não está parado na garagem, mas crescendo, rendendo, protegendo meu futuro e o da minha família.
Pra mim isso é mais do que disciplina financeira. É um exercício diário de autoconhecimento, autorresponsabilidade e soberania sobre a própria vida.

Um convite: Que tal refletir sobre suas próprias escolhas? Qual é o verdadeiro custo do que você possui? E o que seus investimentos podem lhe trazer?

"Liberdade não é ter o carro dos sonhos. É ter uma vida onde não é preciso sonhar com ele."


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