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Um passeio pela história dos perfumes

Atualizado dia 12/18/2006 9:02:27 AM em Autoconhecimento
por Valeria Trigueiro


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Para falar sobre perfumes temos que voltar um pouquinho no tempo a fim de conhecermos melhor o que exatamente estamos fazendo quando usamos um perfume. Tudo tem uma história e esta tem uma razão.

Assim, devemos lembrar que no início do mundo não havia muita variedade de plantas e aromas. Este último foi criado como um sistema de defesa das plantas contra o ataque de insetos, juntamente com outros recursos, como o surgimento de pêlos, cascas mais grossas e resinas. Como a Natureza é realmente um exemplo perfeito e completo de adaptação, os insetos por sua vez criaram seu próprio sistema de adequação. Alguns se viciaram em determinados aromas, passando então a fazer o que conhecemos como polinização, levando de um lado para outro sementes criando novas espécies. A inteligência das plantas, então, precisou criar aromas cada vez mais fortes e sofisticados. Da raiz às flores se encontrava substâncias fungicidas, bactericidas e a cicatrização ficou por conta das resinas.

Chegamos ao Antigo Egito quando o homem, através da observação das plantas, aprende a honrar os deuses, envenenar armas, criar rituais religiosos e de sedução, curar, embalsamar e perfumar. Nesta época a saúde física e espiritual era una. Na Grécia Antiga já se valorizava a higiene e a beleza, e é dali que vem o costume, mantido até hoje, de jogarem-se pétalas de rosas nas tumbas como símbolo de vida eterna. Quanto à arte da perfumaria já se usava olíbano, mirra, canela, cravo, benjoim e sândalo com o intuito de sedução, no século IV A.C.

Entretanto, na Roma Antiga é que tais usos se perpetuam e o hábito de tomar banho se estabelece como ritual cotidiano de limpeza física e espiritual. Surge o sabonete - que naquela época chamava-se “sapo” – uma mistura de gordura de carneiro, cinzas de ervas queimadas e óleos essenciais. Nesta época fica bem clara a relação das ervas e plantas como remédio através de “Tratados Médicos” atribuindo poderes curativos ao sândalo, ao cardamomo e à rosa, em poder da burguesia. À medida que se estabelece o uso cosmético com a manufatura de pomadas, talcos e águas aromáticas, diminui o simbolismo místico e religioso. Surgem os recipientes de vidros que substituem os de cerâmica usados até então. Têm vantagem soberana, já que não deixam odores, as resinas não são absorvidas pela porosidade da cerâmica e ainda podem imitar os recipientes gregos em suas formas e cores.

Na Idade Média, Yakub al Kindi (803-870) escreve o “The Book of Chemistry”, onde faz alusão aos óleos essenciais. É quando também se dá a descoberta e o desenvolvimento da destilação creditada ao poeta, matemático, médico e alquimista Avicenna (980-1037). Historicamente, a primeira destilação bem sucedida foi a da rosa que merece um livro inteiro sobre o assunto. Santa Hildegarde von Bingen escreve quatro tratados de medicina herbal ("Causae et Curare"), sendo a ela também creditada a criação da Água de Lavanda, sua favorita. Entretanto, não só a Água de Lavanda é usada nesta época; surgem a Água de Carmelita e a Água Milagrosa que são fórmulas secretas, guardadas a sete chaves pelos padres e freiras europeus por serem preciosas pelo poder curativo, inclusive contra “problemas de visão”, melancolia, memória, dor e febre. Apesar de todo o segredo, sabe-se que dentre as ervas havia três flores: lavanda, angélica e camomila.

Neste ponto já é possível notar alguns conhecidos nossos: fórmulas secretas, poder da Igreja e tratados médicos em poder da burguesia. Sabemos que isto é apenas o começo. Controle e monopólio não são “privilégio” de nossos tempos. Já nos séculos XIII e XIV a Itália monopoliza as rotas comerciais do Oriente. Há o controle das especiarias e do perfume com o intuito de debelar a praga, a Igreja restringe o uso das ervas apenas aos palácios e monastérios sendo seu uso fora deles totalmente proibido, com conseqüências que seria redundância mencionar. Nas Cruzadas (1096-1291) desenvolve-se o comércio entre o Oriente e a Europa, com o incremento da utilização das especiarias e das essências. Volta-se a valorizar a higiene, trazendo o perfume, desta vez aliado à arte. Na França se estabelece a união entre os herbalistas e os boticários; estes, por sua vez, por possuírem maior cultura, assumem o papel de médicos e perfumistas.

Com a chegada do Século XVIII não é mais necessário mascarar odores fortes e, em conseqüência, modifica-se o senso olfativo fazendo surgir os aromas florais. Registra-se o surgimento da primeira fragrância sintética, isto é, produzida em laboratório, em 1868, sendo que no ano anterior já havia ocorrido algo que viria a modificar a história efetivamente. Foi o fato de que na Feira Internacional de Paris os perfumes e sabonetes foram expostos em uma seção aparte da farmacêutica. Estava estabelecido um setor industrial independente. Os perfumes deixam de ser considerados curativos e naturais, tornando-se apenas acessórios.

Porém, nem tudo está perdido, já que em 1928 o Dr. Maurice Gattefossé, ao queimar a mão em seu laboratório mergulhando-a em um recipiente de lavanda, descobre suas propriedades analgésicas e cicatrizantes. Mais tarde com o advento da II Guerra Mundial (1939-1945), outro médico francês, Dr. Jean Valnet, lança como recurso extremo, a fim de amenizar a dor e curar as feridas de seus soldados, os óleos essenciais, sendo muito bem sucedido. A partir disso continua seus estudos, desta vez testando os óleos essenciais para curar distúrbios de ordem psiquiátrica, podendo comprovar sua eficácia ("The Practice of Aromatherapy", Dr. Valnet, Editora C. W. Daniels).

Assim, a partir desse ponto, poderemos começar a falar sobre Perfumeterapia, assunta que ficará para uma próxima oportunidade.

Bibliografia: alguns sites estrangeiros, "A Arte da Aromaterapia" de Robert Tisserand, dentre outros que pesquisei.
Parte I de uma série sobre perfumes ficará para o próximo ano.

Texto revisado por Cris

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