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EU ERA FELIZ E NÃO SABIA!...

Atualizado dia 6/14/2008 11:37:17 AM em Autoconhecimento
por Christina Nunes


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De vez em quando faço um exercício de conscientização, naqueles momentos em que a tendência inoportuna de reclamar de pequenas coisas, a que somos induzidos sem sentir pela carga de stress de cada dia, ameaça tomar conta. Até porque é fácil, já que quem dispõe de uma capacidade de memorização ao menos mediana chega a essa constatação sem muitas dificuldades.

Pelo que já vivi, pelo muito que já observei, concluí que Deus, visto que Seu objetivo único é a harmonia, a felicidade universal, o equilíbrio perfeito, de vez em quando nos constrange a ser felizes! Isso mesmo! Na marra!... Porque em muitas ocasiões possuímos a tendência inexplicável, estranha, de cismar com uma escolha de felicidade que, em absoluto, não serve para a nossa felicidade!

É preciso que se entenda que o Criador - através de seu representante mais autêntico em nós, na essência mesma de nosso ser - conhece com muito maior precisão o que de fato corresponderá ao nosso bem estar! Menciono abaixo exemplos, atendo-me a um da área da afetividade, usual e comum a todos nós, no histórico rico das nossas vivências.

Conheci uma senhorinha cujo casamento acabou aos mais de trinta anos. E ela nunca superou o baque! Porque, mulher de gerações passadas, e portanto condicionada pela mentalidade das outras épocas, pensava somente nesses termos: os do lar. Os da felicidade gerada única e exclusivamente a partir daquele lar, daquele agrupamento familiar que se tornara o objetivo único da sua vida, e ao qual se dedicara, honestamente, de corpo e alma.

Só que se observássemos um pouco mais de perto a vida familiar daquela senhorinha, de saída se evidenciaria que, de fato, ela não era feliz! Por motivos usuais pelos quais tantos casamentos truncam e trincam no decorrer dos anos: dentre vários, e acima dos outros, pela infidelidade conjugal da parte do marido. Discussões crescentes em decorrência do problema, de modo a que acontecesse, gradativamente, um comprometimento irreversível da qualidade do equilíbrio familiar, e do estado de saúde dela mesma que, com o decorrer dos anos, passou a apresentar um quadro emocional e neurológico preocupante. Um cenário que só fazia se agravar conforme o tempo avançava, gerando intranquilidade e sofrimento também aos filhos do casal, num crescendo de episódios que acabavam superando de muito as razões positivas pelas quais se valeria a pena a manutenção daquela vida conjugal.

Até que, naturalmente, e como não poderia deixar de ser, os problemas encontraram de si mesmos o seu desfecho - em acordo com o adágio que já nos diz que o que não tem remédio, remediado está. Só que, de jeito nenhum, o desfecho atendeu ao que a senhorinha entendia como a sua felicidade - no caso, a manutenção daquele casamento que só fazia adoecer a ela mesma, a um ponto que já inspirava preocupação a todos os circunstantes do seu ambiente familiar... o marido achou aleatoriamente uma outra "banda da laranja" fora de casa e foi-se.

Bem... as coisas seguiram o seu curso, e tempos depois vimos a mesma senhorinha com a sua vida: um tanto refeita do lance dramático que a vitimara tantos anos antes. Com um cotidiano cansativo, era verdade - mas também preenchido pela convivência sadia com seus filhos e netos. Ou seja, vivia segundo o outro adágio: Combati o bom combate. Venci. Conservei a fé.

Mas ainda assim, num nível muito ocluso, muito profundo de seu ser, era visível que a amargura persistia, inclemente; roubara-lhe em grande medida o gosto pela vida, e por suas boas e belas coisas. Não se considerava feliz... não buscava se divertir ou conviver para além de um círculo muito restrito... porque de algum modo a Vida - Deus! - lhe demonstrara que a sua felicidade deveria ser alguma coisa diferente daquilo que idealizou. Roubara-lhe, compulsoria e arbitrariamente, no seu entendimento, o sonho encantado que, no seu arremate, lhe provocava mais mal do que bem. Mas isso, a senhorinha não conseguia - nunca conseguiu enxergar!

Tive vontade de, nalgum dia, tentar fazer ver isso a ela: que, de uma forma um pouco estranha, embora certamente contrária ao que entendera como a sua felicidade de forma tão arraigada durante grande parte da sua vida, Deus a tornara, efetivamente, numa pessoa feliz! Nalguém que dormia tranquilamente em sua cama com o passar dos anos, vencendo progressivamente as insônias que antes tanto a martirizavam; que vivia num ambiente silencioso em sua casa quando sozinha, e movimentado quando na companhia dos filhos e netos - mas sobretudo num contexto íntegro e harmonioso, embora numa versão diferenciada do que sempre concebera como família; com o espírito e a consciência pacificados, enfim!... E que se a vida até então, e depois daqueles acontecimentos dramáticos já distantes, não lhe oferecera mais, era porque ela mesma não buscara este mais... por persistir na crença de que o alcance de nada mais na vida valia a pena, já que o que queria porque queria não saiu conforme a sua visão pouco generosa do que Deus concebe para a nossa felicidade!

O Universo, caros, é rico e vasto! O leque de oportunidades, certamente infinito - mas desde que nos mantenhamos sintonizados e em movimento! É esse entendimento que nos confere, com o passar do tempo, a visão límpida, cristalina, de que justo naqueles momentos em que reclamávamos amargamente - por ter que se preocupar com as notas e créditos da faculdade; com as contas a pagar; com o relacionamento que terminou mas que mais tarde descobrimos, aliviados, que terminou para nos livrar de boa; com o vai-vém ininterrupto do trabalho diário; com as malcriações dos filhos, com a impertinência dos pais; com o salário que se ganha que poderia ser melhor, ou com o carro que não é bem aquele que se pretendia; com a casa que não é tão grande quanto a dos nossos sonhos... - era justo no calor dessas vivências todas, caríssimos, que éramos felizes e não sabíamos!...

Nunca percamos de vista aquela plaquinha básica, indispensável, de orientação em meio às névoas enganadoras do tumulto do mundo: Quando Deus nos fecha uma janela, é porque, certamente, está na mesma hora nos abrindo uma porta!...

Sejam felizes!

Texto revisado por Cris

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Conteúdo desenvolvido por: Christina Nunes   
Chris Mohammed (Christina Nunes) é escritora com doze romances espiritualistas publicados. Identificada de longa data com o Sufismo, abraçou o Islam, e hoje escreve em livre criação, sem o que define com humor como as tornozeleiras eletrônicas dos compromissos da carreira de uma escritora profissional. Também é musicista nas horas vagas.
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