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IRRITABILIDADE NEURÓTICA

Atualizado dia 11/13/2007 3:02:17 PM em Autoconhecimento
por João Carvalho Neto


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Vivemos em um mundo marcado pelo excesso de competitividade, uma sociedade que esqueceu-se de si mesma, de suas necessidades básicas, para alienar-se no convite de necessidades outras que correspondem aos interesses do mercado. Com isso, o prazer de viver vem deixando de ser real, assumindo a condição de secundário na consolidação de um status que mais se apresenta à cobiça alheia do que satisfaz à felicidade humana.
Assim, trabalha-se muito, dorme-se e diverte-se pouco, realiza-se menos ainda, ao preço de uma grande insatisfação pessoal.

Existe uma lei do funcionamento mental, demonstrada por Freud, que estabelece uma relação intra-psíquica entre o prazer e a realidade. O inconsciente possui uma demanda de prazer que precisa ser satisfeita, mas que esbarra no impositivo de atender aos condicionamentos sociais da realidade em que a pessoa vive. Quem faz esta intermediação é a instância chamada Ego. Dessa forma, existem pulsões inconscientes, oriundas do Id, que exigem cotas de gratificação, mas que se vêem frustradas na medida em que boa parte dessa gratificação traz inconvenientes sociais e de relacionamento. Por exemplo: tenho vontade de esmurrar aquele que me incomoda mas não o faço porque iria preso por isso; ou desejo ter um prazer sexual com aquela pessoa, mas não posso mais agarrá-la como no tempo das cavernas.

Claro que essas pequenas cotas de frustrações vão gerando um nível de tensão intra-psíquica, causa básica dos processos de ansiedade e angústia. Uma mente saudável será sempre aquela que é capaz de realizar o prazer que lhe seja possível, adaptando-se às frustrações que são inevitáveis.

Então, vejamos: em uma sociedade como a que descrevemos acima, em que o nível de frustração tem superado em muito o prazer real – e não o prazer secundário que ela impõe como realização de status – as tensões intra-psíquicas que se acumulam ao longo do tempo vão estabelecendo uma insatisfação com a própria vida que acaba por invocar os mecanismos de defesa do Ego para a sua sobrevivência. Um desses mecanismos de defesa chama-se projeção que reside em culpar os outros pela insatisfação que vige dentro de si mesmo, certamente uma das principais causas da irritabilidade exacerbada.

Claro que quando falamos de irritabilidade poderíamos também pensar em outras causas, como as hormonais, nos quadros de tensão pré-menstrual, ou na menopausa, ou ainda outras de caráter transpessoal como condicionamentos específicos, voltados para determinada pessoa, provindos de vidas passadas, que permanecem se repetindo na vida atual. Contudo, estamos aqui falando de uma ordem mais genérica de irritabilidade, que poderíamos caracterizar como uma irritabilidade neurótica.

Na linha desse pensamento encontra-se a chamada Síndrome de Burnout que é definida como uma conseqüência ao estresse profissional, com sintomas de exaustão emocional e física, agressividade, irritação, depressão e insensibilidade com relação a quase tudo e todos. Acontece principalmente com profissionais que mantêm uma relação direta e constante com outras pessoas como médicos, enfermeiros, professores, assistentes sociais, atendentes públicos, e pode ser considerada como um estágio avançado e crônico do chamado estresse.

Pessoas nessa situação tornam-se extremamente infelizes e fazem infelizes aqueles que com elas convivem, muitas vezes dominando e torturando seus familiares como se sentem dominadas e torturadas no seu trabalho.

É preciso que se tenha um olhar atento para tais questões pois elas acabam passando desapercebidas, tidas como mau humor quando, na verdade, são sintomas de um transtorno mental. Da mesma forma que uma doença contagiosa pode contaminar todo um grupo pela transmissão dos organismos causadores, um transtorno neurótico dessa natureza também acaba por contaminar toda uma família, pela transmissão de estados psíquicos que vão sendo introjetados na mente daqueles que com eles convivem.

É importante pensarmos que o determinismo da vida aponta no sentido da felicidade. Digo felicidade como um estado real de satisfação e bem estar, independente de realizações sociais alienantes que mais dizem respeito a modismos e status do que de felicidade real. Se tal não acontece, se o relacionamento interpessoal do grupo em que vivemos, especialmente a família, encontra-se deteriorado por comportamentos irritadiços, é porque um quadro patológico pode estar instalado, exigindo os recursos terapêuticos apropriados.

João Carvalho Neto
Psicanalista, autor do livro “Psicanálise da alma”.
www.joaocarvalho.com.br

Texto revisado por Cris

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Conteúdo desenvolvido por: João Carvalho Neto   
Psicanalista, Psicopedagogo, Terapeuta Floral, Terapeuta Regressivo, Astrólogo, Mestre em Psicanálise, autor da tese “Fatores que influenciam a aprendizagem antes da concepção”, autor da tese “Estruturação palingenésica das neuroses”, do Modelo Teórico para Psicanálise Transpessoal, dos livros “Psicanálise da alma” e “Casos de um divã transpessoal"
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