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Sobre o Masculino e o Feminino, ou a União do Céu e da Terra

Atualizado dia 2/2/2009 6:14:45 PM em Autoconhecimento
por Isabela Bisconcini


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Escrevi o artigo “Estar na Terra com Alegria” sobre a experiência do Plantio Coletivo do Sítio Vida de Clara Luz. E esta reflexão continua ainda... Em meio à Natureza sou levada à contemplação e percepções mais amplas me vêm à mente. Na Natureza, aprendo a mágica da manifestação da Vida. O mundo externo é igual ao mundo interno. Olhando para fora, para as paisagens na Natureza, vejo refletidos nela nossos espaços internos, nossas paisagens interiores: nossa mata exuberante e fecunda, nossas colinas silenciosas, nossas depressões sombrias, nossos desertos. Nossas áreas cultivadas e selvagens. Locais povoados e inóspitos. Árvores florescendo, árvores secas... Locais interiores férteis e estéreis.

Senti por um bom tempo no meu caminho de autoconhecimento a busca pelo Espírito e pelo espiritual vivida em desconexão com a Matéria e a Terra. Como se a Matéria fosse coisa de importância menor. De fato, vemos na humanidade uma oscilação entre as polaridades Espírito e Matéria se alternando na História. Ora vivemos a devoção a Deus e esquecemos-nos da Terra, como na Idade Média, ora colocamos a Matéria no foco e nos esquecemos do espiritual. São movimentos de subida e descida na espiral da Vida. Mas o que temos vivido sempre coletivamente é este paradigma da cisão Espírito-Matéria. Como se tivéssemos que escolher entre uma das extremidades da corda: “você gosta mais do papai ou da mamãe?” Na cisão só há espaço para o OU. Não há espaço para o E. Na integração vivemos o E: não é possível prescindir nem do Céu, nem da Terra, nem do Pai e nem da Mãe. Somos feitos dessas duas energias. Temos dois cérebros com visões de mundo completamente distintas e que se unem.

Houve um tempo em que as religiões eram matriarcais. São as religiões voltadas para a devoção da Natureza e das forças da Natureza, e de seus ciclos, respeitando seus movimentos de expansão e retração. Elas refletiam uma visão de mundo a partir do olhar da mulher, da mãe Natureza. Mas esta visão foi soterrada pelo patriarcado e o império da razão e do racionalismo. E estamos pagando caro por isso! A visão patriarcal do mundo - refletida nas religiões patriarcais - diminuindo o feminino, o corpo, o dinheiro, a Terra, os frutos, nega a manifestação do Espírito. Pois o Espírito se expressa no vivo, no material. O invisível se expressa por meio do visível. Disso decorre toda sorte de dificuldades com o prazer e com a expressão da Vida nas suas mais variadas formas. Quem quer que negue a energia feminina, nega a Terra. Quem nega a Terra, nega seu feminino.

Mas, voltando à Natureza... Hoje percebo mais claramente a necessidade premente de vermos espelhada a nossa saúde através de espaços puros, naturais. A paisagem urbana cria uma capa racional, artificial, construída em cimento, que impermeabiliza nosso contato com o verde primordial da onde viemos, fazendo-nos esquecer que somos feitos desses elementos, dessa Natureza mesma. Perdemos, assim, o acesso ao nosso espaço natural; por natural entendemos aquilo que é o que eu sou (sem esforço). Tudo passa a ser construído e artificial como o nosso pensar e a nossa razão. E aqui cabe a frase de Manuel de Barros: “Não saio de dentro de mim nem para pensar”. O Buda diz: "não é possível separar sua Mente da Natureza. Sua Mente e a Natureza são uma coisa só". Como fica nossa Mente (e a percepção de nós mesmos) quando em ilhas urbanas desfiguramos a Natureza, apartando-nos do contato conosco?

No fim, não há e não pode haver caminho espiritual longe da Terra, da expressão, da encarnação e manifestação do Espírito. Quando compreendermos isso, passaremos a respeitar a Terra.

Percebo cada vez mais nitidamente que na espiral do crescimento espiritual a “meta” é a manifestação aqui e agora, e sempre, encarnando a alegria, a abundância, o prazer e a "graça" da manifestação do Espírito.

No caminho de volta para casa, nossa casa não é num Céu longe da Terra, nossa casa é NA comunhão do Céu COM a Terra. Ponto de contato e encontro do Masculino e do Feminino, união do Masculino e do Feminino; do Espírito e da Matéria. Espaço, região ou local (difícil achar uma palavra para esta experiência!), onde fecundamos a Vida. Nossa casa é NA união do Masculino e do Feminino aqui e agora dentro e fora de nós.

Não é possível optarmos por uma das polaridades e continuarmos a viver reproduzindo em cada um de nós esta cisão. Vejo isso todo o tempo no consultório em crenças que aparecem assim: “se eu fizer o que gosto vou morrer de fome, e se for ganhar dinheiro, vou fazer algo deplorável”, “artista não ganha dinheiro”, “fulano tem as 4 patas no chão, é cético e cínico”... Enfim, todas os nuances de vivermos só numa das pontas desta linha.

Mas estamos em tempos de integração. E somos aqueles seres que pegaram para si a tarefa de, remodelando-se dentro, oferecer o seu trabalho interior ao mundo, como legado de crescimento da consciência à humanidade. Na integração impera o E não o OU. Por isso não podemos prescindir nem da Terra, nem do Céu. Está na hora de fazermos as pazes entre estas duas energias internas e fazermos em nós esta síntese. E nos casarmos internamente. Fazendo esse amálgama interno. Somos seres espirituais E temos necessidades materiais. Somos artistas, somos sensíveis, delicados E sabemos lidar com as questões da matéria, nos defender E defender nossos talentos e habilidades para não sermos explorados.

Talvez por isso se diga no Credo: “Creio na Ressurreição da Carne, na Vida Eterna, Amém”. E se termina a oração assim. Porque quando a Carne ressurge habitada pelo Espírito e pela consciência, quando o material é sentido, visto e vivido na expressão máxima e plena do Espírito, ele ressurge, e encontramos a Vida que, esta sim, é Eterna, e em Eterna Mutação.

Vivendo COM consciência NA Terra e penetrando COM a Luz do Espírito NA Terra.

É NESSE contato, DESSE encontro que a Vida brota e se expressa.

Que possamos perceber que a Vida é a expressão do amor da união inseparável dessas duas energias.

E que possamos ser o povo da Terra, os filhos da Terra, portadores dessa experiência.

A Terra é sagrada.

Texto revisado por: Cris

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Conteúdo desenvolvido por: Isabela Bisconcini   
Isabela Bisconcini é Psicóloga Clínica e Consteladora Sistêmica. Terapeuta EMDR. Terapeuta Floral, Reiki II, NgalSo Chagwang Reiki, AURA-SOMA. Deeksha Giver. Dedicou-se por 25 anos ao estudo da psicologia budista e prática do Budismo Tibetano. Participou do Centro de Dharma da Paz desde 1988, quando Lama Gangchen Rinpoche o fundou.
E-mail: [email protected] | Mais artigos.

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