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Autoconhecimento VI

por Rosemeire Zago em Autoconhecimento
Atualizado em 08/04/2020 11:34:56


Durante nossa vida nos incutiram idéias, moralismo, valores, criando crenças que "permitimos" direcionar nossa vida, e só conseguimos mudar quando atualizamos essas crenças e conseguimos distinguir o que é nosso do que nos fizeram acreditar como sendo nosso.

Como assim? Você deve estar se perguntando. Ouvimos muitas frases quando crianças de forma tão intensa e repetitiva que ficam registradas em nossa inconsciente como sendo verdades absolutas, e passamos muitos anos de nossas vidas presos a elas, nos deixando conduzir, sem questioná-las. Frases como: "Quem dorme rindo acorda chorando" ou ainda: "continua chorando que eu vou lhe dar uma razão verdadeira para você chorar!" são frases comuns e típicas de nossa infância. Essas frases muitas vezes se fazem presente sem percebermos, e nos limitam, nos boicotam.

Algumas pessoas podem evitar rir quando adulto em função daquela simples frase que ouvia... outros podem ter engolido o choro para sempre. Você teve ou se lembra daqueles panos de pratos que muitas de nossas mães usavam na cozinha? Eles também podem criar crenças. Vamos lendo a mesma coisa todo dia, toda semana, que vai ficando registrado como verdade, e sequer questionamos ou relacionamos com nosso jeito de ser. Afinal, aprendemos muito mais com o que vemos e sentimos, do que com as palavras em si.

Algumas pessoas acreditam que não podem - ou não querem - mudar. Mas esse padrão de pensamento nada mais é que do que fruto de mais uma crença. Para quem não quer mudar, porque do jeito que tudo está o faz feliz, continue assim; mas para quem deseja muito mudar, seja em qualquer área ou situação da vida, é preciso estar aberto a correr riscos, a ser flexível. Você já percebeu que as pessoas rígidas são as que mais sofrem com seu modo de ser? A rigidez mental é uma das formas mais corriqueiras de atrair sofrimento. Pessoas que estão presas a hábitos e padrões de pensamentos rígidos como, "só eu sei como as coisas são ou devem ser feitas", podem se perguntar: "será que sei mesmo?" Quem é rígido não evolui e quem não evolui fica paralisado, parado, acomodado, vitimizado, dentro de uma "zona de conforto" que muitas vezes de conforto não tem nada, a não ser o medo de mudar. E para nos transformarmos em pessoas melhores, temos que começar a mudar sim, por dentro.

Acreditar que não podemos mudar é ignorar a capacidade que todos nós temos de crescer. Será que lá no fundo você não acredita nenhum pouquinho em sua capacidade? Sempre é possível mudar a maneira de pensar, destruindo antigas convicções até o momento inflexíveis e tornado-se uma pessoa aberta a novos pensamentos, crenças, valores, comportamentos, enfim, realizando pequenas mudanças diárias e aproximando-se cada vez mais de quem você é em sua essência, ou seja, ser simplesmente você mesmo, sem máscaras, manipulações, projeções. Livre de tudo que aprisiona e faz sofrer! Utopia? Não, realidade!
Pare neste momento com seu papel de vítima, pensando ou dizendo que não consegue. Você pode conseguir tudo o que quiser, mas é preciso estar atento as fantasias, expectativas, ilusões, crenças, pois isso sim nos causa frustração, insatisfação, sofrimento, e acima de tudo, limitações. Quando negamos a realidade ou ficamos esperando que as pessoas e situações sejam como desejamos, só conseguimos obter decepção e dor.

Comece sentindo-se responsável por tudo que acontece ao seu redor. Se não está se sentindo bem, em paz, identifique tudo que colabora para sua tristeza e sofrimento. E decida neste momento mudar seu padrão de pensamento, transforme tudo que é negativo dentro de você em positivo, transforme sua tristeza em alegria. Você pode pensar; "mas não depende só de mim", ou "mas ele me fez isso", seja qual for o "mas...", transforme e mude o que depende exclusivamente de você. Para que se sinta feliz é preciso mesmo que alguém faça aquilo que esperava? Por que não alimentar-se com seus próprios recursos? Por que esperar que a solução venha de fora? Por que culpar os pais, o mundo, seja quem for, por seu sofrimento? Culpar os outros, buscando sempre um bode expiatório para tudo que acontece na vida, principalmente as coisas ruins, na verdade, é fugir da responsabilidade de sua própria vida e conseqüente melhora.

Todos sabemos que nossos piores inimigos estão dentro de nós, e não fora. Por isso é importante nos reconciliarmos com nosso íntimo, o lado escuro, nossa sombra, o que só se torna possível à medida que a conhecemos e não a ocultamos mais de nós mesmos. A concepção de sombra para Jung é: modelo ou representação de tudo aquilo que não admitimos ser e que nos esforçamos por ocultar e/ou valores inconscientes e qualidades em potencial esquecidas nas profundezas de nossa intimidade que precisamos despertar dentro de nós. Não, não devemos ter medo de olhar para dentro de nós mesmos. A sombra pode parecer a princípio uma parte horrível da qual queremos distância, no entanto ao confrontarmos com seus conteúdos, levando luz a esse lado escuro, veremos que se trata apenas de parte de nós mesmos, carentes de conhecimento e de amor. Negar o lado escuro de nós mesmos é subestimar o poder de nossa própria capacidade. Só ao admitirmos nossa face desconhecida podemos nos redimir ou transformar até onde conseguimos ver.Portanto, devemos colocar luz onde até o momento é só escuridão. E como fazemos isso? Com muita, muita conscientização de nossos sentimentos, e valores, as crenças que aprendemos quando crianças e as carregamos com nós depois de adultos. Quando aos poucos vamos tomando contato com os aspectos de nossa sombra, nos tornamos cada vez mais conscientes de nossos impulsos, emoções, sentimentos e atributos que ignorávamos ou negávamos em nós mesmos.
A consciência lúcida acerca da sombra nos liberta do papel de vítima a que muitos estão acostumados a viver, não tendo mais a necessidade de buscar algo ou alguém para atacar ou acusar pelos infortúnios de própria vida. Só assim atingiremos a paz e tranqüilidade que tantos de nós buscamos. Mas para saber quem realmente somos, precisamos mergulhar nas profundezas do ser e buscar a sabedoria existente em nosso mundo interior. É como um convite para uma viagem, mas para dentro de si mesmo! Para essa viagem não é preciso nada além dos recursos que você possui: silêncio, reflexão, introspecção. O autoconhecimento nos estimula a manter contato profundo e significativo com nossa força interior, aprendendo a ouvir nosso mundo silencioso, até então, abafado pelo barulho externo. Sidarma Gautama ensinava: "De que servem cabelo e manto impecáveis, ó tolo! Tudo dentro de ti está confuso e, no entanto, você penteia a superfície!"

Para evitar que nossa alma grite por intermédio de sintomas e doenças, podemos nos antecipar e ouvi-la praticando a meditação. Precisamos adquirir o hábito de dedicar algum tempo ao silêncio da meditação, sentindo o mundo interior e não apenas a superfície das coisas e pessoas, a que estamos tão habituados. Por que não escutar um pouco sua voz interior, tão sábia? Por que não ouvir um pouco o silêncio? Ouvir a própria intuição pode significar conseguir a resposta para vários de seus problemas. Afinal, todo problema contém em si mesmo a semente da solução. Mas parece muito mais sedutor esperar que a resposta venha de fora, pronta, como quando temos preguiça em fazer uma comida caseira, saudável, e compramos algo congelado, sendo suficiente que contenha apenas as instruções na embalagem. Mas a vida não vem com bula como nos remédios nem com manual de instruções, precisamos sim arregaçar as mangas e colocar a mão na massa. Pode ser que nos sujemos um pouco, mas com certeza, o resultado é muito mais compensador!

Como fazer? Dedique alguns minutos de seu dia para ficar em silêncio consigo mesmo, ouvindo seus sentimentos e pensamentos. Comece apenas observando sua respiração, aos poucos perceberá que seu ritmo se modifica por si só, seus pensamentos começam a ficar mais nítidos, tudo dentro de você começa a ficar em harmonia, seus órgãos internos, sentimentos, e você poderá começar a identificar aquilo que está te fazendo sofrer e mudar o que deseja ser mudado. Simples assim!



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zago
Rosemeire Zago é psicóloga clínica CRP 06/36.933-0, com abordagem junguiana e especialização em Psicossomática. Estudiosa de Alice Miller e Jung, aprofundou-se no ensaio: `A Psicologia do Arquétipo da Criança Interior´ - 1940.
A base de seu trabalho no atendimento individual de adultos é o resgate da autoestima e amor-próprio, com experiência no processo de reencontrar e cuidar da criança que foi vítima de abuso físico, psicológico e/ou sexual, e ainda hoje contamina a vida do adulto com suas dores.
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